Os 50 anos de história da RTP/Madeira estão agora registados num livro a ser lançado quarta-feira, no Funchal, e no qual constam momentos “únicos e marcantes”, com fotos inéditas e textos editados por dois profissionais deste canal regional.
O projeto surgiu do trabalho do cenógrafo da RTP/Madeira, António Ferreira, que desde 1995 começou “a fotografar” os vários programas, profissionais e convidados que passaram pelos estúdios do canal televisivo madeirense e conseguiu “convencer” e “sensibilizar” o jornalista da casa, Virgílio Nóbrega, para este o projeto de divulgação.
Em declarações à agência Lusa, António Ferreira salientou que na génese da nova publicação está “o trabalho” do falecido jornalista, apresentador e responsável de programas Ramos Teixeira, que começou por “convidar fotógrafos” para registarem alguns desses momentos de televisão.
Hoje o cenógrafo dispõe de um arquivo que estima ser composto por mais de 400 mil imagens, porque “250 mil estão documentadas, mas há cerca de 300 mil por identificar”.
“A RTP/Madeira consegue ter algo que mais nenhuma empresa tem: consegue juntar e conciliar desde os mais famosos aos mais humildes”, sustentou António Ferreira.
O livro “50 anos de RTP Madeira” inclui apenas 472 fotos deste espólio e publica 181 sinopses ao longo das suas 247 páginas.
“Há muito tempo que falava sobre esta ideia com o Virgílio. Ele foi o meu ‘eleito’ para este projeto, por ser um excelente profissional e porque é também alguém com paixão pela fotografia”, explicou António Ferreira. E Virgílio Nóbrega reforçou: “Ele convenceu-me!”.
O jornalista salientou que o objetivo do livro é “deixar um tributo e uma homenagem aos profissionais da RTP e aos madeirenses que se reveem no trabalho que se faz no canal regional.
“Durante muitos anos, a RTP/Madeira foi o único canal na Madeira e quisemos deixar para o futuro este registo e esperar que daqui a 50 anos esteja viva e a prosperar”, vincou, destacando a forte ligação do canal regional às comunidades emigrantes no mundo.
Os autores pretendiam que o livro fosse lançado no 50.º aniversário da RTP/Madeira (06 de agosto de 2022), mas devido a “vários contratempos”, foi adiado, e apostaram no lançamento dentro deste ano das comemorações.
“Grande parte do trabalho foi feito através de troca de mails, devido à situação da covid-19”, reforçaram.
“Uma das partes mais difíceis foi a investigação”, referiu Virgílio Nóbrega, considerando que “este é um livro que faz parte também da história da Madeira”.
António Ferreira diz que a publicação “vai reavivar memórias, porque recorda momentos e muitas pessoas cujos registos estão apenas em bobines e ficheiros”.
Por isso, defende que “tem interesse para as comunidades emigrantes madeirenses”, pelo que o objetivo é que “consiga chegar mais longe”, sendo, segundo Virgílio Nóbrega, a ”aposta no digital”, uma das alternativas que estão ainda a avaliar.
“Acho que fizemos um bom trabalho dentro do possível. Podíamos ter feito mais? Podíamos, mas trabalhamos dentro das dificuldades que disponhamos relacionadas com orçamentos” e o livro “não podia ser muito grande para não encarecer o projeto”, argumentaram.
O “50 Anos da RTP Madeira” é uma edição própria dos autores, que investiram “cerca de 12 mil euros”, contando apenas com patrocínios da RTP e da secretaria regional do Turismo e Cultura.
Tem prefácio do presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, José Manuel Rodrigues, que foi também jornalista na estação, e vai ser apresentado por Nicolau Santos, presidente da RTP.
Entre outros aspetos, neste livro são recordados também os diretores da RTP/Madeira, são mencionados “todos os seus trabalhadores ao longo dos anos” e fala-se do surgimento do novo edifício do centro regional.
“Este livro representa o meu mundo. Anos a trabalhar durante muitas horas no sótão da minha casa para registar o mais fiel possível os momentos captados nas fotos”, disse António Ferreira.
“É o melhor de nós, RTP/Madeira e representa os madeirenses na sua vivência e identidade regional, mostra os usos, os costumes e tradições”, complementou, por seu lado, Virgílio Nóbrega.
Concluiu argumentando que o canal regional também contribuiu para “as pessoas ganharem consciência crítica, incentivou a sua vertente reivindicativa em termos de direitos e condições de vida, além de contribuir para um aumento generalizado do conhecimento da realidade” e isso deve ficar registado.