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Setor português do vinho em crescimento qualitativo

As empresas com enoturismo são as que têm uma rendibilidade de capitais superiores às restantes do setor vitivinícola, revelou em Viseu um responsável do Novo Banco, aludindo a dados das exportações portuguesas do setor do vinho.

“Tivemos um crescimento da produção em 2017 e uma expectativa de queda em 2018. É uma estimativa preliminar, mas com impactos diferenciados por região, mas há uma tendência crescente na produção em vinhos com Denominação de Origem Protegida (DOP), o que vai no sentido certo daquilo que o mercado exige, neste momento”, apontou Carlos Andrade.

O economista disse que, em 2017, “há um crescimento de 03%, em volume, e 5,2% em valor”, e no primeiro trimestre de 2018 “há uma ligeira queda em volume, mas um crescimento em valor, portanto, há aqui alguma tendência ascendente no preço médio” do vinho.

Segundo a análise feita por Carlos Andrade, o setor do vinho “é um mercado claramente dominado pela distribuição versus restauração” e, em 2017, “a distribuição em termos de volume representava perto de 76% do mercado”.

O economista disse também que “há o exagero nas promoções” e “a evolução da média do preço médio no mercado nacional é pressionada pelo peso grande do setor da distribuição e isso aparece refletido nos indicadores das empresas da indústria do vinho” que, no seu entender, “têm muitas das virtudes que a economia portuguesa precisa”.

“São mais exportadoras que a média das empresas nacionais. Em termos médios, as empresas dos vinhos exportam cerca de quatro vezes mais do que as outras empresas”.

Neste seguimento, Carlos Andrade lembrou que “uma das deficiências maiores que a economia portuguesa tem tido nos últimos anos, embora com alguma recuperação, é a baixa autonomia financeira das empresas” o que não acontece na indústria do vinho, onde ”é bastante superior à média das empresas nacionais”.

“No entanto, se olharmos para os indicadores de rendibilidade, as empresas do setor do vinho sofrem em relação à média das empresas nacionais, cerca de 60% da rendibilidade dos capitais próprios face à média nacional”, apontou.

Para combater esta situação, Carlos Andrade defendeu que “uma das soluções passa, claramente, por apostar mais nas exportações”, apesar de saber que “é isso que o setor do vinho em Portugal tem procurado fazer” até porque, em 2017, “as exportações atingiram perto de 780 milhões de euros e, este ano, crescem quase 08%”.

“Crescem bastante mais para fora da Europa, que são os mercados que estão em maior crescimento”, precisou.

No seu entender, o mercado “exige mais qualidade e está disposto a pagar mais, e Portugal tem conseguido exportar com maior valor, mas é um mercado muito exigente e muito concorrencial”.

“Uma estratégia muito importante para conseguir gerar mais valor nestas exportações é o setor do enoturismo: se compararmos que as empresas de enoturismo que são produtores de vinho, mas que têm como atividade secundária, seja o alojamento e restauração, seja o comércio a retalho ou atividades artísticas e culturais, estas empresas são mais exportadoras do que a média das empresas do vinho que não têm estas atividades”, anunciou.

Carlos Andrade disse que estas empresas de enoturismo “geram, dentro do seu setor, um volume de negócios muito significativo e com um peso muito maior do que as empresas que são apenas dedicadas à produção de vinho”.

Os dados foram apresentados numa conferência, “O vinho, o Dão e a Beira”, a decorrer na manhã de hoje e que marcou o início da Festa das Vindimas em Viseu, que decorre até domingo, com várias atividades ligadas ao vinho e com a novidade, este ano, de um festival que permitirá 45 experiências gastronómicas com a presença de 10 ‘chefs’, cinco locais e outros tantos de renome nacional.

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