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O partido do saque fiscal

© Pixabay

De cada vez que um português abastece o seu automóvel, deveria meditar sobre a conversa de António Costa, acerca da devolução de rendimentos às famílias. Não é à toa que em março deste ano se ficou a saber que em 2017 a carga fiscal atingiu 34,7 % do PIB, o valor mais alto desde que em 1995 o INE deu início à compilação sobre dados das contas públicas.

A política de comunicação do PS é muitíssimo melhor do que a do anterior Governo, que tinha em sinceridade o que no Largo do Rato se trabalha com imaginação criativa. Por isso, façam-se as contas; só isto. E depois, avaliado o que acontece no resto da UE, percebam-se as diferenças.

É verdadeiramente extraordinário que para defesa do preço dos combustíveis em Portugal, o Governo argumente com o valor médio praticado nos outros países. Do mesmo modo, impressiona que o critério não tenha em conta as outras variáveis. É que, comparativamente a alguns dos mais ricos, Portugal compra os combustíveis mais baratos e vende-os aos consumidores muito mais caros. Acontece que os vencimentos e o PIB per capita em Portugal são substancialmente inferiores. Esta, a perversa diferença que o PS esconde.

Num exemplo, Portugal vende cada 1000 litros de gasolina 95 a uma média de 1578 €. A mesma quantidade é vendida em Espanha a 1322 €, na Alemanha a 1474 €, na França a 1543 €, na Bélgica a € 1456 e no Luxemburgo a 1258 €.

A questão é que, como não bastasse o preço mais caro, o salário médio em Portugal é de 939 €, enquanto que em Espanha é de 1202 €, na Alemanha de 1500 €, na França de 1365 €, na Bélgica de 1420 € e no Luxemburgo de 2164 €. Acresce o PIB per capita, que em relação à média da União Europeia é em Portugal de 77%, na Espanha de 92%, na Alemanha de 123 %, na Bélgica de 117%, na França de 104% e no Luxemburgo de 253%.

Este Governo não devolve rendimentos às famílias. Expolia-as e, o que é pior, no ISP exagerado onera da mesma forma os contribuintes ricos e os pobres, com um imposto que é cego. Todos pagam o mesmo para abastecer os veículos utilizados no transporte ou no trabalho. Ponderadas as diferenças dos orçamentos familiares, é obviamente injusto e chocante. Note-se, já agora, que a troika não está cá.

Acresce o valor da palavra dada. Quando em 2016, com o adicional do ISP, o PS aumentou os combustíveis em 6 cêntimos por litro, prometeu para depois uma redução de 1 cêntimo, por cada 4 cêntimos do aumento do preço dos combustíveis. Só em 2018, este preço já aumentou 10 vezes. Mas o imposto permanece igual.

Palavra dada, palavra honrada.

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