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No pavilhão da fantasia

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Depois de Ferro Rodrigues garantir que o combate à corrupção “está no ADN do PS e de António Costa” e do primeiro-ministro reforçar que “o PS tem estado na linha da frente dos trabalhos contra a corrupção”, os socialistas reunidos em Congresso na Batalha aplaudiram entusiasticamente a evocação e o legado de José Sócrates. O ADN pode ser muito enganador e há linhas da frente que realmente se notam pouco. Mais do que um artigo de opinião, o mundo de fantasia em que o PS gravita justificava um tratado de ciência política.

Em entrevista à TSF, em maio, João Cravinho antecipara que neste Congresso o PS não deixaria de fazer “um juízo político, moral e ético sobre este tipo de comportamento e de quem nele está envolvido”. Não teve sorte nenhuma. Nem podia. Afinal, exceção feita a José Sócrates, governa desde 2015, quem nos arruinou até 2011. No essencial, repetem-se ministros, secretários de Estado e assessores. E ao contrário de João Cravinho, a maior parte não está disposta à sua parcela de contrição.

Em vez de pedir desculpa, António Costa preferiu acicatar, com o remoque de que “acabámos com o mito de que em Portugal é a Direita que sabe governar a economia e as finanças públicas”.

Passando ao lado de considerações sobre os processos judiciais que atingem José Sócrates, por respeito ao princípio da presunção da inocência e acompanhando João Cravinho sobre as evidências éticas e morais que não carecem de sentenças para ser óbvias, conviria recordar a ruína das contas públicas, a dívida duplicada irresponsavelmente para valores superiores a 100% do PIB, que até ao fim das suas vidas os nossos filhos e netos já não conseguirão pagar e a humilhante intervenção externa da troika em 2011. Para quem divaga sobre mitos e pendura medalhas no próprio peito, não está mal.
Aplaudindo sonoramente José Sócrates – perante um país submetido em 2018 à mais alta carga fiscal dos últimos 25 anos, onerado implacavelmente com as faturas socialistas e vergastado pelas cativações que desde os hospitais, ao combate aos fogos, passando pelo resto, mostram faltar dinheiro para quase tudo – este PS não só validou um consulado que desprezou absolutamente o que mais deveria importar em política, como mostrou que não se importa com isso e pior, que não aprendeu nada com os próprios erros. É realmente dramático.

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