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Morreu Clotilde Rosa, pioneira da expressão contemporânea em Portugal

A compositora Clotilde Rosa, pioneiras da expressão contemporânea em Portugal, morreu esta sexta-feira, aos 87 anos, na sua casa, em Lisboa, disse à Lusa Cândido Fernandes, do Grupo de Música Contemporânea de Lisboa.

Autora da ópera “O Desfigurado” e de “Paisagem Interior”, que a Orquestra Sinfónica Portuguesa estreou no passado mês de maio, Clotilde Rosa nasceu em Lisboa, em 1930, iniciou a carreira como instrumentista, lecionou no Conservatório Nacional, estudou música antiga e, em simultâneo, acompanhou as vanguardas musicais, tendo fundado o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, com o compositor Jorge Peixinho (1940-1995).

Iniciou os estudos de música na infância, tendo completado o Curso Superior de Piano e Harpa no Conservatório Nacional, em Lisboa, onde estudou com Ivone Santos e Cecília Borba. Especializou-se na interpretação de música antiga, com o musicólogo de origem britânica Macário Santiago Kastner.

Como harpista, fez parte dos Menestréis de Lisboa. De 1960 a 1963, estudou na Holanda, em França e na Alemanha, como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, acompanhando a emergência do movimento da interpretação historicamente informada.

No regresso a Portugal, a obra “Imagens Sonoras”, de Jorge Peixinho, dita a sua aproximação à música contemporânea, ao compositor e ao meio musical português de vanguarda. Participou então nos cursos de Darmstadt, dirigidos por Karlheins Stockhausen, na Alemanha, a partir de 1963.

Colaborou desde então com Jorge Peixinho, na divulgação da chamada “música nova”, integrando o grupo que veio dar origem, em 1970, ao Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, que também fundou.

Manteve no entanto, o interesse pela interpretação de música antiga, tendo constituído o Trio Antiqua, com Carlos Franco e Luísa de Vasconcelos.

Como instrumentista, fez ainda parte da Orquestra Sinfónica Nacional, da Orquestra da Emissora Nacional e colaborou com as orquestras Gulbenkian e do Teatro Nacional de São Carlos.

De 1987 a 2000, deu aulas no Conservatório Nacional, primeiro de Análise e Técnicas de Composição depois na classe de Harpa, tendo aplicado, pela primeira vez, em Portugal, a música contemporânea no programa curricular deste instrumento.

Estreou-se na composição em 1974, a convite de Jorge Peixinho, com um trecho para a obra colectiva “In-con-sub-sequência”.

A primeira obra de Clotilde Rosa em nome próprio, “Encontro”, data de 1976. Levada à Tribuna Internacional de Compositores de Paris, por Joly Braga Santos e Jorge Peixinho, entrou na lista das dez melhores no concurso desse ano, entre 60 obras de 30 países.

Obteve também o 1.º Prémio no Concurso Nacional de Composição da Oficina Musical do Porto, com “Variantes I”.

“Peaceful Meeting”, de 2016, “Nada ouve… ou acredita…”, de 2015, “Wind trio” e “No mais fundo de ti”, ambas de 2014, estão entre as suas mais recentes obras.

“Litania” (1986), “As quatro estações do ano” (1992), “Cadavre Exquis” (2010), “Transparências” (2005), “Canto Circular” (2000) e “Breve será o dia” (1994) estão entre as mais das duas cem obras, para conjuntos de câmara, orquestra e voz, tendo também escrito com fins didáticos.

Em 1987, compôs a ópera “O Desfigurado”, com libreto de Armando Silva Carvalho.

“Paisagem interior” (2000) foi estreada no passado mês de maio, pela Orquestra Sinfónica Portuguesa, no encerramento da temporada sinfónica.

A pianista Anne Kaasa é autora de “Uma aproximação à estética da obra para piano de Clotilde Rosa”, em que aborda a obra e o percurso da compositora.

Clotilde Rosa era aguardada esta sexta-feira, no concerto de entrega de prémios do III Concurso Internacional de Composição Grupo de Música Contemporânea de Lisboa/Jorge Peixinho, que foi cancelado.

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