Tatiana Vieira é uma designer gráfica, de moda e ilustradora brasileira, que desenvolve diversos projetos via internet. O que seria dito hoje como nômade digital, mas que ela prefere não ser rotulada desta forma, cada dia é uma decoberta, desde que lançou seu projeto “O Mundo é o Meu Quintal”, no qual ocorrem “As Viagens de Süssie”. Tirinhas com sua personagem de nome doce, em tradução e adequação do alemão, süß.

A sua vida “nômade” vem de muitos anos, antes mesmo de entrar na universidade de Produção Cultural, sua primeira graduação, pois atravessava boa parte da cidade em um mesmo dia (Praça Seca > Glória > Nilópolis > Praça Seca ou Praça Seca, Campo Grande > Mangueira > Copacabana > Praça Seca), e se dar conta de que não conhecia bem sua cidade. Ela apenas se enlatava nos coletivos. Especializou-se em Turismo, fez um ano de Pedagogia e outros dois de História, por duas universidades estaduais no Rio de Janeiro, mas sentia que precisava de mais, ver de perto. E o que parecia ser uma simples inquietude, virou projeto de vida.

“Migrar e buscar, sempre esteve em mim. Era a forma de viver como eu acreditava. Hoje eu digo que sou cientista náutica, porque vivo a navegar pela internet, atendendo pessoas de qualquer lugar do mundo e seguindo com minhas anotações. Confio muito na sincronicidade. O universo nos dá, se estivermos atentos e mostrarmos de verdade nossas necessidades. Minha casa no Rio não tem internet (até hoje). Vivia de mochila bem travada nas costas e pé no caminho: revezando na casa de amigos ou na Biblioteca Parque, no Centro do Rio, para entregar os projetos no prazo. O bacana é que sempre há um lado bom: virou uma forma diferente de visitar os amigos, tê-los comigo nesse mundo em que todos estão “nos corres da vida”. Virei especialista em dormir em todo tipo de lugar. Sempre com meu kit pro dia seguinte. Nunca se sabe.”

“O que me move é não saber para onde estou indo. Gosto mesmo é do caminho”. E como ela viaja. Desde 2015 já esteve em três continentes, morou e treinou Kung Fu na China, visitou Hong Kong, Milão, Antuérpia, Frankfurt, Flórida, sempre em busca de novos destinos, e, neste momento está em Köln, Alemanha. Difícil acompanhar de onde sai tanta energia.

“Somente o que couber na mochila e no coração”, e assim tem sido, diz a autora do projeto. De montagem de armário cápsula a estratégias de roupas e sapatos cheios de bolsos e compartimentos e vida com bike dobrável, para que nada a pare: “a criatividade não termina nas mãos do estilista ou do designer em geral. Ainda há muito por fazer”.

Dotada de uma visão peculiar, Tatiana pretende com seu projeto estimular jovens e crianças a serem o que quiserem. De verdade. A colecionar bobagens e exercitar a empatia, observando as pequenas coisas do dia a dia. Este é o TCC da vida, dela, como a mesma nomeia. “Quero deixar um pouco do que sou/fui para que acelere o processo de outros pequenos, através de minhas percepções”. A ideia não é fazer com que as pessoas acreditem que viajar é o único caminho e, sim que, antes de tudo, a viagem é interna. Hoje ela busca contatos e parcerias para fazer um ciclo de palestras por uma temporada no Brasil, contemplando áreas, como a própria diz: “esquecidas, assim como é o local de onde vim”, estimulando a não desistir de viver de arte ou de algo que aparentemente “não dá dinheiro” ou é “impossível”.

Dessas observações e anotações diárias, a designer alimenta seu blog e perfis nas mídias sociais, além de ampliar a visão em seus projetos em design. “Nada deve ser desconsiderado. Eu observo todos os dias tudo o que as pessoas fazem e o porquê fazem. Tem muita gente legal por aí, só estamos espalhados”.

O projeto começou com cartões postais. Seus pais nunca viajaram para fora do Brasil e ela queria ficar mais tempo descobrindo pelo mundo, chegando mais cedo, de outra forma, já que ele também não fazem uso de redes sociais para conferir suas fotos. Hoje ela envia postais e seleção de fotos de cada cidade que pisou.

No projeto, além dos postais, existem posts quase diários em seu blog e redes sociais, sobre sua rotina, desafios ao aprender idiomas e compreender as diferenças.

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