Universidade Sénior do Porto duplica número de alunos
Os alunos da Universidade Sénior do Porto duplicaram este ano letivo em relação ao período da pandemia e diariamente há mais candidatos para frequentar aulas de história, economia, artes, dança ou ioga, fugindo à solidão e agarrando o conhecimento.
Atualmente o número de alunos chega aos 130 na Universidade Sénior do Porto (USP), e no período da pandemia rondava os 60 estudantes, revela a coordenadora da Universidade Sénior do Porto, Mónica Rodrigues.
“Houve um aumento significativo (…) e, principalmente, há uma crescente procura. Todos os dias eu recebo telefonemas, ou, presencialmente, pessoas, que procuram esta resposta. Percebe-se que vai crescer ainda mais”, declara, destacando que a procura de aulas tem vindo a aumentar depois do confinamento da pandemia da covid-19.
O desejo de socializar e aprender novas matérias após a pandemia da covid-19, a dedicação e a qualidade de ensino dos professores voluntários, bem como as visitas guiadas à cidade do Porto são as três razões principais que justificam o crescimento destes alunos especiais e “muito empenhados”, com idades compreendidas entre os 60 e os quase 90 anos, conta
“Houve um aumento significativo (…) e, principalmente, há uma crescente procura. Todos os dias eu recebo telefonemas, ou, presencialmente, pessoas, que procuram esta resposta. Percebe-se que vai crescer ainda mais”, declara Mónica Rodrigues, destacando que a procura de aulas tem vindo a aumentar depois do confinamento da pandemia da covid-19.
A coordenadora acrescenta que, depois da pandemia, os antigos estudantes chegavam traumatizados, mais apáticos, mais deprimidos, mas com a reposição da rotina das aulas começou-se se a notar um “semblante de alegria” e “alívio”.
Ilda Exposto, 86 anos, acaba de sair de aula de Olhares Sobre o Porto, uma das suas disciplinas favoritas. Questionada sobre o que tem aprendido nas aulas, a octogenária suspira e comenta: “Ui, tanta coisa. Eu não sabia nada, só tenho a 4.ª classe. Tenho aprendido tanto e tem-me feito muito bem. Tenho muita vontade de aprender”.
Ilda enviuvou há sete anos e desde essa altura que frequenta a universidade sénior do Porto, assistindo ainda às aulas de ioga, inglês e francês.
Julieta Mourão, antiga professora da escola primária, tem 89 anos – em dezembro faz 90 anos -, anda na universidade há oito e frequenta quase todas as disciplinas, menos o ioga, porque diz que é “muito parado” para ela.
As disciplinas que dão mais prazer à Julieta Mourão são história, economia, inglês e pintura, mas o que realmente lhe interessa é ter um horário e conviver, porque mesmo com família, os filhos e os netos trabalham e não lhe podem fazer companhia o dia todo.
“Acho que o horário é muito necessário numa pessoa, porque se uma pessoa se aposenta, vai para casa”, comenta Julieta Mourão.
Segundo o professor voluntário Alfredo Almeida, 67 anos, licenciado em Filologia Germânica, o aumento de alunos neste ano letivo pode justificar-se com o facto de os alunos terem ficado mais ávidos de socialização depois da covid-19, mas destaca também o “passa palavra”.
“A academia não tem muitos anos, portanto, não é de admirar que com o passar dos anos e com o passa-palavra (…) os familiares, amigos, vão espalhando e trazendo mais gente”, disse Alfredo Almeida, que lecionou durante 45 anos no ensino tradicional.
Alfredo Almeida leciona as disciplinas de inglês e Olhares sobre o Porto. Nesta última disciplina conta que partilha com os alunos conhecimento sobre o Porto. É mais uma “tertúlia de amigos”.
“Nas aulas de inglês, o foco é muito mais restrito, porque numa aula de inglês o objetivo é aprender a língua, aprender vocabulário, aprender a pronúncia, gramática”.
O professor Alfredo salienta que alunos seniores “florescem” e “renascem” nas aulas e que são diferentes dos alunos mais novos, porque “querem realmente aprender”.
A professora de artes visuais Maria Vasconcelos, 69 anos, também adora dar aulas na universidade sénior, porque os alunos dão-lhe “um prazer enorme” e uma “motivação extra” e “gratificante” que a ajuda também a manter um espírito sempre positivo.
Nas aulas de artes visuais, a professore Maria Vasconcelos e os alunos dedicam-se ao desenvolvimento do “pensamento divergente e da criatividade”, e desenvolvem todas as técnicas relacionadas com as artes visuais, incluindo a parte das técnicas digitais.
Maria Vasconcelos constatou que os alunos vieram com mais vontade de regressar às dinâmicas, e que estão empenhados em preparar uma exposição para este mês de novembro, um evento que foi adiado por causa da pandemia.
A USP faz parte da Rede que une as universidades seniores (RUTIS), e leciona disciplinas como: Olhares sobre o Porto, inglês, economia, pintura, psicologia, francês, coro, música no cinema, fotografia, uma oficina de poesia e comunicação, e ainda culturas internacionais, uma disciplina que só acontece via ‘online’. Proporciona também visitas cuturais, caminhadas e convívios.
A maioria dos alunos que frequenta as aulas tem entre 60 e 80 anos, mas a USP é uma “academia intergeracional” e, por isso, podem inscrever-se pessoas a partir dos 21 anos de idade.