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Uma editora portuguesa em Barcelona

Uma investigadora portuguesa, que vive em Barcelona há 15 anos, volta a estar mais próxima de Portugal através da literatura para crianças. Fundadora da editora espanhola Fragmenta, Inês Castel-Branco publica em castelhano, catalão e agora também em português.

Inês Castel-Branco nasceu em Lisboa, rumou a Barcelona através do programa Erasmus e por lá ficou, onde fez doutoramento, casou, teve três filhos e fundou uma pequena editora – a Fragmenta – focada em religião, em todas as religiões, através da qual foram já publicados 90 livros.

“Achamos que hoje há tantos preconceitos e tantas ideias sobre religição, que o que falta é conhecer muitas fontes e saber os fundamentos. Temos tanto em comum em todas as religiões”, afirmou Inês Castel-Branco em entrevista à agência Lusa.

Na Fragmenta estão publicados livros sobre catolicismo, hinduismo, sobre o Islão ou Confúcio, que abordam a relação entre política e religião ou entre ciência e transcendência.

“Não fazemos livros para uma comunidade crente, não nos dirigimos a fiéis de uma religião. São livros de estudo sobre o fenómeno religioso. As pessoas continuam a fazer muitas perguntas, mas já não se contentam com as respostas dadas. Não são livros de auto-ajuda, nem livros eruditos ou para universitários. Queremos que sejam para todos”, explicou.

Essa vontade de ajudar o leitor a fazer perguntas levou Inês Castel-Branco a criar uma coleção de livros para crianças, intitulada Pequena Fragmenta, com a particularidade de ter edição simultânea em castelhano, catalão e português. É uma maneira de dizer que, apesar de já ter bilhete de identidade espanhol e denunciar um ligeiro sotaque, ainda tem um pé em Portugal.

A edição portuguesa dos três primeiros livros da Pequena Fragmenta – que será apresentada hoje, em Lisboa – são “Respira”, escrito e ilustrado por Inês Castel-Branco, “Histórias de Nasrudín”, de Halil Bárcena, ilustrado por Mariona Cabassa, e “Funâmbulus”, de Àlex Tovar, ilustrado por Àfrica Fanlo.

A editora explica que o que estes livros têm em comum é o facto de remeterem para um método mais artesanal de produção livreira. “Queremos livros em que predomine o traço, o gosto pelo papel. É recuperar a mão do artista, é sujar as mãos”.

Além disso, são livros “para serem acompanhados, que se fazem lentamente, em diálogo com os autores, e para serem lidos com calma, com os pais, nas escolas. Que possam existir devagarinho”, explicou.

Inês Castel-Branco sublinha que os livros da Pequena Fragmenta – tal como a editora-mãe – não querem ter um tom moralista, nem dar respostas.

“Queremos fazer perguntas, ajudar a pensar. E não gostamos de pôr idade nestes livros. Achamos que são bons para pais e filhos”, disse.

Além destes três livros, a Pequena Fragmenta tem já em preparação outros três títulos para crianças, com edição em 2016, e Inês Castel-Branco não descarta a ideia de publicar outros autores portugueses, tornando a editora um projeto “de toda a península”.

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