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Técnica secular de Arraiolos em exposição na Eslovénia

© Susana Cereja

Artista plástica multidisciplinar, Susana Cereja foi a portuguesa convidada pela BIEN 2023, a bienal de arte têxtil em Kranj, na Eslovénia, a produzir e expor uma obra de “slow art” inspirada no sol e numa técnica têxtil centenária portuguesa, o ponto de Arraiolos.

Trabalhando particularmente os têxteis, e em especial uma das mais antigas técnicas portuguesas que remonta ao século XVI, a tapeçaria em ponto de Arraiolos, ​​Susana Cereja é artista têxtil e investigadora sobre património cultural, focando o seu trabalho na renovação e desenvolvimento de métodos seculares de produção artística.

O seu processo criativo é dominado por pesquisa, diversidade e versatilidade de técnicas e materiais. Para além do ponto de Arraiolos, a xilogravura e o gesso policromado são outros dos métodos que utiliza no seu processo criativo, restaurando-os para o reino da arte contemporânea com o intuito de lhes devolver o lugar de excelência que outrora ocuparam na cultura portuguesa.

Em novembro de 2022, foi contactada pela Bienal Têxtil de Kranj, na Eslovénia, para ser “Artista Convidada” portuguesa do evento. Desde aí, começou a trabalhar numa nova peça concebida especificamente para a temática central da bienal: o sol.

Susana Cereja

Com a chegada da resposta positiva de uma candidatura a fundos da União Europeia, começou o processo de criação da sua então mais recente e dimensional obra de arte inspirada no sol, “Helia”. O trabalho, feito juntamente com a sua equipa, começou no seu estúdio, em Portugal, em março, e apenas terminou em junho já na residência artística de BIEN, na Eslovénia.

Para além do demorado processo de criação e produção, a própria viagem que levou Susana Cereja até Kranj fez também parte deste projeto. Em paralelismo com o conceito de ”slow art” adotado pela bienal, Susana pensou numa forma de viajar em modo “slow travel” que a levou desde Lisboa de comboio até Kranj, entre 14 e 18 de junho, passando por várias cidades europeias pelo caminho: Porto, Vigo, Madrid, Barcelona, Paris, e Zurique, até chegar ao seu destino.

Segundo a artista, esta forma de viajar surgiu como uma oportunidade de desenvolver ainda mais o conceito da sua obra, estando ainda em conformidade com a missão da bienal, que tem em si uma forte componente de sustentabilidade. Precisou de mais tempo até chegar a Kranj, tal como o ponto de Arraiolos precisa de tempo até ao resultado final, podendo assim mergulhar ainda mais a fundo no seu processo de criação, “porque pude estar comigo e com a tapeçaria. Apenas nós as duas!”, refere a artista.

Susana Cereja

Chegada a Kranj no dia 18 de junho, esteve em residência artística durante três semanas, período que culminou com a inauguração de “Helia” na sua exposição individual ”Icarus – A Journey in Search of the Sun”, bem como num ‘workshop’ de Arraiolos. Esta é uma peça inspirada no sol, apelidada com o nome feminino para deus do sol Hélio, “porque para mim sol é vida, é luz, quem dá à luz é a mulher. Posto isto, não me fazia sentido tratá-lo como um ser masculino”, explica.

A finalização da obra pôde ser acompanhada ao vivo entre 18 de junho e 5 de julho em Kranj, na residência de arte têxtil da BIEN, estando atualmente em exposição na bienal de arte têxtil juntamente com outras obras da artista até ao dia 10 de agosto. 

Entretanto, para além da Bienal Têxtil em Kranj, Susana Cereja foi também convidada para o “Peninsulares – 4º Encontro Ibérico de Arte Têxtil Contemporânea”, que estará no Museu de Lanifícios na Covilhã de dia 14 de julho a 30 de setembro. Este é um evento organizado pela Contextile, Bienal Portuguesa, e Indigo, com curadoria de Cláudia Melo e Lala de Dios. Foram selecionados seis artistas portugueses e seis artistas espanhóis distinguidos pelo seu trabalho na arte têxtil, para expôr neste evento que em seguida seguirá para Cáceres, de dia 1 de outubro a 26 de novembro.

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