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Colunistas

Momento último

O homem não termina o almoço
afasta de si o prato com a ave morta, como enojado
está agora sentado sozinho na grande mesa suja

na qual também já não há papéis nenhuns
afasta a cadeira pesadamente num barulho ensurdecedor 
de arrasto sobre o soalho velho da casa em ruínas

calça as botas novas, ajusta o colarinho, a camisa
aperta os botões das mangas do casaco
sem pensar propriamente nos gestos que faz

puxa o revólver para si, aprecia o calibre, a coronha 
a arma está imunda mas ele não a vai limpar
carrega as balas apenas, meticulosamente 

faz deslizar todas na culatra, fecha o tambor num gesto seco 
com o dedo faz girar o cilindro, o braço bem esticado
aponta, parece fazer pontaria, hesita um, dois segundos

prime finalmente o gatilho. O estrondo, a explosão
que ninguém esperava. A cabeça rebenta em mil bocados
a casa explode. Fim.

JLC2402022

Dernier moment

L’homme ne finit pas son repas
Il repousse l’assiette avec l’oiseau mort, comme dégoûté
il est maintenant assis seul à la grande table sale

sur laquelle il n’y a même plus de papiers
il écarte lourdement la chaise avec un bruit assourdissant 
en la traînant sur le vieux plancher de la maison en ruine

il chausse ses nouvelles bottes, il ajuste son col et sa chemise
il boutonne ses boutons de manches de sa veste
sans vraiment penser aux gestes qu’il exécute

il approche le revolver vers lui, apprécie le calibre, la crosse 
l’arme est sale, mais il ne va pas le nettoyer
il charge les balles, méticuleusement 

il les glisse toutes dans le barillet, le ferme d’un geste sec 
avec son doigt il fait tourner le cylindre, il tend le bras bien droit
il pointe, il semble viser, il hésite une ou deux secondes

finalement il appuye sur la gâchette. Le bang, l’explosion
que personne n’attendait. La tête éclate en mille morceaux
la maison explose. Fin.

JLC2402022

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