Instituto Camões defende português como língua de investigação
A língua portuguesa tem de ser uma “língua de ciência e de investigação” para garantir o estatuto de língua global, defendeu esta sexta-feira o presidente do Instituto Camões, João Ribeiro de Almeida, após uma visita de dois dias a Londres.
O embaixador falava da importância dos protocolos de apoio à docência com 14 universidades britânicas, onde estão colocados 18 professores e estudam cerca de 1.500 alunos.
Estes académicos, vincou, estão a “fazer trabalho de promoção, de investigação e de pesquisa de língua portuguesa a nível superior”.
“É um grande esforço do Camões e um grande esforço do Estado português, no sentido de cada vez mais ter a língua portuguesa como língua de ciência, de investigação, de comunicação científica”, afirmou João Ribeiro de Almeida à agência Lusa.
Segundo o presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, há mais universidades britânicas interessadas a apostar na língua portuguesa, seja com departamentos de estudos portugueses ou ligados aos hispânicos.
“Interessa é que haja sítios onde o português tenha possibilidade de se expandir e de, sobretudo, chegar enquanto língua de ciência também a áreas de investigação importantes, seja de que temática for”, enfatizou.
No Ensino de Português no Estrangeiro (EPE), o Camões tem 28 professores e 3.500 alunos do ensino primário ao secundário.
Ribeiro de Almeida reconheceu que tem existido “algum decréscimo não muito grande” no ensino paralelo fora do programa curricular das escolas porque é feito em horário extracurricular e exige das crianças “apetência – e até vontade dos próprios pais – em vez de irem fazer desporto, ter umas aulas de português”.
“Temos que ser atrativos e apelativos em relação aos conteúdos. A Coordenação Geral do Ensino está muito ciente disso e está a fazer um trabalho incrível”, vincou.
Nesta “primeira de várias visitas de trabalho” planeadas para o Reino Unido, o presidente do instituto Camões visitou o Centro de Estudos Portugueses no King’s College, a escola primária bilingue Anglo-Portuguese School of London e encontrou-se com docentes e artistas.
Durante a deslocação ouviu também a preocupação manifestada por professores deslocados com o impacto da crise do custo de vida no Reino Unido, onde a taxa de inflação aumentou para 9,1%.
Ribeiro de Almeida disse que a questão vai ser transmitida e discutida “com uma especial nota de preocupação” com os ministérios dos Negócios Estrangeiros e das Finanças, e admitiu que venha a ser acionado um “mecanismo de correção” cambial para ajustar as remunerações.