Como estamos em época de celebração de São Martinho, é oportuno falar de palavras cuja etimologia está indirectamente ligada ao santo – “capelão” e “capela”.
Segundo a tradição, o bocado com que Martinho ficou, depois de ter cortado a sua capa ao meio e dado a outra metade ao pedinte, tornou-se mais tarde na relíquia conservada no oratório de uma abadia perto de Tours, outrora pertença dos reis francos da dinastia merovíngia. Durante a Idade Média, essa relíquia (cappa Sancti Martini) era usada pelos reis, mesmo no campo de batalha, e considerada milagrosa, pelo que se lhe faziam promessas.
Ao padre que se ocupava da capa no reliquário chamavam cappellanu e, posteriormente, todos os padres que integravam os serviços religiosos das forças militares, prestando-lhes apoio espiritual e pastoral tanto no mar como no campo de batalha, passaram a ser conhecidos por cappellani, o que veio dar origem à palavra capelão.
Fenómeno linguístico semelhante se passou com o termo que denominava as pequenas igrejas temporariamente construídas para abrigar a relíquia. O povo chamava-lhes capella, palavra que significava capa pequena. Com o decorrer dos tempos, essas pequenas igrejas perderam esse sentido de associação com a capa e todas as pequenas igrejas passaram a ser designadas como capelas.
Dulce Rodrigues
http://about.me/dulcerodrigues
