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Choques de Hong Kong

Se a adaptação a Macau foi feita de forma muito gradual e sem sentir grandes choques culturais, já o mesmo não posso dizer de Hong Kong. Sim, Macau pertence à China e apesar dos poucos resquícios de influência portuguesa que ainda restam nas ruas macaenses, muito dificilmente um português pode dizer que se sente verdadeiramente “em casa”. É verdade, não me sinto em casa no sentido em que a minha casa é e sempre será Portugal, mas aos poucos Macau tem vindo a tornar-se num lar para mim.

Após aquela admiração inicial dos primeiros dias em que tudo era diferente, de repente e quase sem me aperceber o meu paladar tinha aprendido a gostar da comida, a língua já não era algo estranho que causava admiração e as pessoas que seguiam comigo nos autocarros foram começando a fazer parte da minha rotina.

Não fui para Hong Kong com intenções de fazer aquela cidade a minha nova casa mas olhando em retrospetiva para a admiração que senti nos primeiros dias em Macau, esta não se compara com o choque que senti ao sair do ferry de Hong Kong. Senti-me verdadeiramente deslocada, sempre a olhar para cima, para baixo, para o lado, numa tentativa de absorver toda a informação que a cidade atirava para cima de mim. Tudo isto enquanto procurava o caminho até ao hostel.

Nunca pensei demorar mais tempo desde o ferry de Hong Kong até ao hostel do que demorei em toda a viagem de ferry mas foi o que aconteceu. Como sempre, fui à aventura sem saber muito bem ao que ia. Entre sair do ferry, andar (muito) até ao metro (quando afinal era só descer até ao último piso), levantar dinheiro e depois ter que ir comprar uma sandes para trocar a nota para conseguir comprar a viagem de metro (quando afinal podia ter ido comprar o bilhete nas informações), finalmente entrar no metro e sair na estação certa, as horas iam passando.

Tudo muito bem até aqui, depois veio a aventura de encontrar o hostel. De telemóvel na mão com as indicações fui seguindo rua fora e, sem saber, só me estava a afastar cada vez mais. Perguntei a várias pessoas mas obviamente que ninguém sabia onde ficava um dos milhares de hostels espalhados por Hong Kong. Depois de muitas voltas consegui encontrar a rua certa (aposto que foi o meu ar de turista completamente perdida de mochila às costas e câmara pendurada ao pescoço que convenceu as pessoas a ajudar-me).

Hong Kong é exatamente como se imagina e ainda mais (embora que para se conseguir a imagem dos postais seja preciso ir para a outra ilha). Prédios a perder de vista nas alturas que te deixam a pensar como é possível construir (e viver) algo assim tão alto. Os teus sentidos são constantemente desafiados seja pela altura infinita dos edifícios, pelas entradas sujas dos prédios, o constante cantonês que se ouve nas ruas e os cheiros, oh os cheiros desta terra que te invadem o nariz logo de manhã quando só te apetece uma torrada e um café e a única coisa que te oferecem são sopas de noodles. Estás constantemente a tentar absorver toda a informação mas fica sempre tanto por ver.

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