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Centenário do Holocausto dos arménios

A perseguição turca aos cristãos foi mais eficaz que a perseguição nazi aos judeus. Na área da Turquia, em 1915, 25% da população era cristã mas com o genocídio e a contínua perseguição e discriminação dos cristãos restantes, a Turquia conseguiu reduzi-los para 0,2% da população; hoje 99% da população turca é muçulmana. A Turquia, herdeira do Império Otomano compreende-se como estado de etnia homogénea muçulmana.

A 24 de Abril de 1915 começou o genocídio arménio praticado pela Turquia na área do Império Otomano onde os arménios viviam como minoria desde o séc. 8 a.C. A Turquia deu então início ao extermínio da presença cultural arménia em Constantinopla, com incursões e aprisionamento massivo das elites arménias publicando depois a lei de deportação a 27 de maio de 1915. (Ainda hoje são deportados arménios de Aleppo na Síria).

Seguia uma estratégia que consistia em organizar jovens arménios e soldados desarmados em “batalhões de trabalho” que eram depois assassinados em massa; os velhos, as mulheres e as crianças eram obrigados a sair em marchas da morte em direcção ao deserto sírio. Os arménios também eram transportados em vagões de animais no comboio- Bagdá, que a partir de 1915 deportava muitos arménios para o deserto onde eram assassinados em massa. (Já de 1894 até 1896 tinha havido perseguições com o assassínio de 80 a 300.000 arménios).

Conivência entre Alemanha e Turquia

O abate de uma sociedade civilizada em que foram mortos 1,5 milhões de arménios deu-se com a conivência da Alemanha. Aqui, como lá, numa tentativa de oportunismo ou de branqueamento das barbaridades cometidas no primeiro genocídio do séc. XX, os dois governos não querem empregar o termo genocídio que designa o plano e execução do extermínio dos arménios.

Francisco I, tal como historiadores independentes, designou de “genocídio„ o extermínio dos arménios, argumentando: “Onde não há memória, o mal mantém as feridas abertas”. O Papa foi muito criticado na Turquia por ter empregado a palavra “genocídio”.

O governo alemão, ao contrário do Parlamento Europeu e da França, evita empregar a palavra genocídio para designar o holocausto dos arménios por considerações semelhantes às que levaram a Alemanha a calar outrora o genocídio dos arménios. Esta torna-se numa situação insuportável, numa Alemanha que tão bem processou o seu passado (2° genocídio).

“Os alemães, aliados dos turcos na Primeira Guerra Mundial… viram como as populações civis foram fechadas em igrejas e queimadas, ou reunidas em massa em campos, torturadas até à morte, e reduzidas a cinzas” (http://pt.wikipedia.org/wiki/Genoc%C3%ADdio_arm%C3%AAnio). Em junho de 1915, escrevia o cônsul-geral alemão em Constantinopla, Johann Heinrich Mordtmann ao governo em Berlim: “Trata-se de aniquilar os arménios, como me dizia Talat Bey há algumas semanas”.

A política de extermínio com o uso de agentes químicos e biológicos, de gás tóxico e inoculação de tifo, os campos de extermínio, o processo sistemático e o planeamento da destruição de um povo inteiro, “organizado pelo governo” serviram de exemplo para Hitler no genocídio dos judeus. Adolf Hitler encorajava os comandos superiores da Wehrmacht a 22/08/1939 dizendo: ”Quem fala hoje do extermínio dos arménios?”

Rößlert, então cônsul alemão em Aleppo, salvou muitos arménios e documentou as acções praticadas. Um representante da autoridade turca concluía a 31.08.1915: “A questão arménia já não existe”.

O respeito pelas vítimas é desvirtuado ao substituir a discussão do acontecido pelo discurso sobre a questão da propriedade de termo genocídio ou massacre. Pretende-se a paliação do crime.

Os arménios querem com razão que se reconheça como genocídio a perseguição de extermínio levada a cabo.

O historiador Hesemann considera o genocídio contra os arménios como a perseguição mais sangrenta da História aos cristãos.

Há histórias da História por contar, os informados sabem que cada época, cada ideologia, conta a História que mais lhe agradar. Também hoje se branqueiam revoluções e se ignora a realidade do que acontece em África direccionando-se a atenção dos povos para o marginal.

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