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Marques Mendes matou dois coelhos de uma cajadada só

O Partido Social Democrata (PSD) teve uma rentrée política bastante positiva. Ao contrário do que se sucedeu no primeiro ano de Luís Montenegro à frente do Partido, marcado por uma falta de exibicionismo e protagonismo, neste novo ano político o PSD mostrou querer marcar uma posição. 

Desde logo, apresentou propostas concretas para baixar a carga fiscal que, permitam-me deixar uma nota, se encontra em níveis astronómicos e gravemente prejudiciais para a população portuguesa. Se no ano passado o PSD estava em pouco destaque nos telejornais, ofuscado quer pelos partidos reacionários e de cariz mais radical quer pelo partido que teve uma maioria absoluta “sem saber ler nem escrever”, a verdade é que neste reinício político o partido estava constantemente em destaque em tudo o que era notícia e, importante referir, por bons motivos. Para além disto, a Universidade de Verão do PSD veio, também, preencher os telejornais, mais uma vez pelos melhores motivos. Com ilustres oradores, entre eles Paulo Portas e Marcelo Rebelo de Sousa, a Universidade de Verão estava a ser um autêntico sucesso a todos os níveis. O PSD, para além de promover o interesse pela política dos jovens, estava a conseguir demonstrar que é um partido interessado nos jovens e com ideias para melhorar o país. 

Contudo, esta maré de sucesso em torno do PSD terminou e logo na própria festa do Partido. A mais de dois anos das eleições presidenciais, Luís Marques Mendes tomou a livre iniciativa de se posicionar na corrida para as candidaturas a Belém. Ora, se há alturas que são melhores que outras para tomar ações, esta teria sido uma ótima altura para que Marques Mendes tivesse ficado sossegado. Num momento em que, finalmente, o PSD se distanciava dos demais e ganhava algum protagonismo, o ataque a este protagonismo surgiu de dentro do próprio Partido. E, por isso, tenho esta opinião que o possível candidato às eleições presidenciais matou dois coelhos de uma cajadada só. Primeiramente, retirou o Partido da ribalta pelas razões já referidas. De seguida, numa tentativa de se antecipar a outros possíveis candidatos, acabou por dividir aqueles que seriam os seus eleitores, aqueles que são mais afetos ao PSD. Luís Marques Mendes já não seria um candidato em quem eu ponderaria votar, por diversas razões, naturalmente de discordância política. Mas depois desta saída que teve na festa do Pontal, ainda pior fica a minha ideia sobre o próprio. Não consigo conceber que, num momento de tanta importância para o Partido Social Democrata, o atual comentador da SIC tenha tido a audácia de desviar as atenções nacionais não só para si, mas também para uma discussão sobre as eleições presidenciais que só terão vida daqui por mais de dois anos. 

Há, no entanto, que realçar a pronta resposta do líder do PSD, que “chutou” o debate sobre as presidenciais para “mais ou menos daqui a dois anos”. Será importante, também, salientar a mensagem do Presidente do PSD no encerramento da Universidade de Verão que, para mim, demonstra uma vontade de posicionar o Partido como a maior força política de Portugal e com cabeça, tronco e membros para o fazer: “Estes oito anos valeram a pena? Qual foi a evolução de Portugal? (…) Tivemos dois anos de pandemia a que se seguiram dois anos de pandemónio. (…) É preciso acordar Portugal para a falta de competência de liderança do dr. António Costa como primeiro-ministro. Nós estamos a dar provas de que somos capazes de liderar um Governo com mais competência e mais resultados do que o PS.”

Francisco Pereira Baptista

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