De que está à procura ?

Colunistas

Madeira: Miguel Albuquerque obviamente não se demite

© Lusa

Independentemente de se dever ou não fazer leituras nacionais sobre a votação das eleições na Madeira, o facto é que elas surgem como reflexo do que se vai passando no continente e vão influenciar a vida política nacional e especialmente mais adiante, nas Legislativas de 2026, não obstante haver leituras mais pontuais que possamos fazer.

Em abstrato não houve vencedores claros, porque Miguel Albuquerque, que encabeça a coligação “Somos Madeira”, actual presidente do Governo Regional, de modo prepotente e intimidatório, na campanha ameaçou que não governaria se não atingisse a maioria absoluta. Este tipo de sobranceria usual na Madeira vem mostrar que maiorias absolutas não são recomendáveis, e é também por isto que a abstenção na Madeira é sempre muito alta (46,66%).

Miguel Albuquerque que lidera uma coligação de… dois partidos (PSD / CDS-PP) ao enfatizar na campanha que se demitiria, em rigor devia honrar a palavra, embora se saiba que era uma hecatombe, lá acabou por tirar um coelho da cartola ao anunciar que em breve apresentará um governo de maioria parlamentar, recusando-se a dizer com quem faz o entendimento, apesar de se perceber que pisca o olho à IL, que elegeu pela primeira vez um deputado, exactamente o que é necessário para a maioria absoluta – e que pela atitude do seu líder nacional, Rui Rocha, se percebeu onde está a solução. Mas a verticalidade e a intelectualidade política estão postas em causa.

Luís Montenegro, que se deslocou à ilha na busca de inspiração, no seu próprio dizer, para uma vitória das Legislativas, não capitulou quanto contava e isso viu-se pelo seu embaraço indisfarçável quando no final da noite falou no Funchal; embaraço que se estendeu aos presentes na sala. 

Montenegro foi à Madeira num procedimento que não é habitual, e isso causou desconforto entre sociais-democratas insulares porque é passível de diminuir o destaque de Albuquerque, com o fito de capitular pessoalmente, já que esta é a primeira eleição enquanto líder do PSD e pretende consolidar a sua liderança. Se Luís Montenegro imaginasse o resultado não ia e sentir-se-ia bem mais confortável. O PSD com a coligação “Somos Madeira” não amealhou quanto desejava e a inspiração que buscava não é razoável. Tudo, tendo em conta a fasquia que colocavam, bem entendido.

Sem escamoteamentos, o PS foi o verdadeiro perdedor. O Chega soma e segue, continuando a ser um caso único, como unipessoal é o partido e por isso um caso de reflexão peregrina, razão pela qual eu digo que as votações nestas eleições reflectem o País e terão repercussões a nível nacional.

Num universo de 47 deputados, a coligação “Somos Madeira” obteve 23 eleitos, ficou a um da maioria absoluta, o PS totaliza 11, Juntos Pelo Povo 5, Chega 4, CDU, BE, PAN e IL um deputado cada.

Mário Adão Magalhães

(Não pratico deliberadamente o chamado Acordo Ortográfico).

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

TÓPICOS

Siga-nos e receba as notícias do BOM DIA