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Já sabe qual a programação musical da celebração da aliança Luso-Britânica?

© DR

A cerimónia que vai juntar o rei Carlos III e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na quinta-feira em Londres, para celebrar 650 anos da Aliança Luso-Britânica, vai ter música dos dois países. 

O responsável pela programação, o musicólogo e regente Owen Rees, adiantou que a seleção resultou de uma colaboração entre o Coro do Queen’s College da Universidade de Oxford, o qual lidera, e o Coro da Capela Real (Chapel Royal), dirigido por Joseph McHardy.

“O que fizemos foi equilibrar a música portuguesa e inglesa em vários momentos da cerimónia”, revelou à agência Lusa.

A música para órgão incluirá uma peça de William Byrd, importante na Capela Real inglesa no tempo de Isabel I e de Jaime I, e também para marcar os 400 anos da morte do compositor, em 1623.

Do lado português, foi escolhida uma peça de Manuel Rodrigues Coelho, que foi organista da Capela Real de Lisboa, no século XVII.

Em termos de música vocal, destacam-se composições dos portugueses Vicente Lusitano, ativo no século XVI, sobretudo em Roma, atualmente identificado como o primeiro compositor negro com obra publicada, na História da Música, e Diogo Dias Melgás, formado na escola de música da Sé de Évora.

“Tentámos imaginar como terá sido o repertório que os cantores portugueses de D. Catarina de Bragança trouxeram consigo quando a acompanharam a Inglaterra para o seu casamento com o rei Carlos II”, resumiu o musicólogo, também organista, que editou álbuns dedicados à música do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e da Capela Real de Lisboa, resultado da sua própria investigação.

A missa de quinta-feira vai realizar-se na Capela da Rainha (Queen’s Chapel) do Palácio de Saint James, que foi usada por Catarina de Bragança, na segunda metade do século XVII. 

O professor de música da Universidade de Oxford destaca “Salve Regina”, de Melgás, cuja interpretação espera que remeta os presentes para aquela época.

Rees escreveu recentemente um artigo no qual sugere que “Salvator Mundi”, de John Blow, mostra “certas semelhanças de técnica que podem refletir a influência do repertório português nos compositores ingleses”. 

No mesmo texto sugeriu que poderá haver alguma relação entre a criação desse moteto pelo compositor inglês e uma Cruz Processional encomendada por Catarina de Bragança para a sua capela em Londres.

Rees acredita que os comentários desfavoráveis que os cronistas da época, Samuel Pepys e John Evelyn, sobre a música que escutaram na capela terão sido o resultado do desconhecimento do estilo de compositores como Manuel Cardoso, formado em Évora, organista do antigo Convento do Carmo, em Lisboa, e João Lourenço Rebelo, compositor da corte de João IV.

Pepys terá escrito mais tarde que, após visitar a Capela Real, usada pelo Rei, e a Capela da Rainha, confessou preferir a música da segunda.

“Algumas pessoas especularam se a mudança de opinião se deveu ao número crescente de músicos italianos na Capela da Rainha, mas eu digo que não devemos atribuir a mudança apenas a esse facto, mas ao desconhecimento inicial”, argumentou.

O musicólogo britânico referiu que música de Duarte Lobo, mestre da catedral de Évora no século XVII, se tornou popular em Inglaterra nos séculos XVIII e XIX, após ter sido copiada por antiquários da altura, o que considera ser um “reflexo de relações culturais mais alargadas”.

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