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Festival Músicas do Mundo quer ser “um porto” para os artistas

© DR

O Festival Músicas do Mundo, que atraca em Porto Covo e Sines a partir de sábado, quer continuar a ser “um porto” para artistas mais e menos conhecidos do público, diz o diretor artístico e de produção.

Em declarações à Lusa, via telefone, Carlos Seixas destaca que a programação da 23.ª edição do Festival Músicas do Mundo (FMM), que decorre de 22 a 29 de julho, combinando nomes conhecidos — estreantes e repetentes — e a intenção de “dar palco” a “artistas de várias geografias que têm (…) dificuldade (…) em mostrar aquilo que fazem”.

O FMM é um “local de encontro, um porto, sempre foi, onde se privilegia a compreensão e a aceitação dos outros”, assinala.

Assumindo a “exigência de tentar fazer melhor do que nos anos anteriores”, Carlos Seixas, programador do festival desde a primeira hora, destaca a importância de “alargar audiências para géneros musicais e artísticos alternativos, que são, infelizmente,” vistos como “periféricos” e “menorizados” pela indústria convencional.

O facto de ser a Câmara Municipal de Sines a organizar e financiar o festival (que conta também com outros patrocínios), faz do FMM um caso “extraordinário” na Europa, onde “o serviço público está cada vez mais em perigo e as coisas são feitas dentro de uma perspetiva do entretenimento e não daquilo que é a coisa cultural”, comenta Carlos Seixas.

O diretor artístico está atento à atualidade e critica o que aconteceu no Porto, com o despejo de vários artistas do centro comercial Stop, um episódio “manifestamente muito triste”.

Na terça-feira, mais de uma centena de lojas do centro comercial Stop foram seladas pela Polícia Municipal “por falta de licenças de utilização para funcionamento”, justificou a Câmara Municipal do Porto.

O centro comercial Stop funciona há mais de 20 anos como espaço cultural e diversas frações dos seus pisos são usadas como salas de ensaio ou estúdios por vários artistas.

“As instituições agem de uma maneira que não é aquela que é a mais adequada ao tecido cultural e social do nosso país, das nossas cidades. As nossas cidades cada vez se interessam menos por aquilo que é a identidade de uma comunidade”, lamenta.

Num contexto de massificação e festivais de larga escala, o FMM pretende ser “uma festa da diversidade”, resume, destacando que a programação inclui 42 concertos de artistas oriundos de 27 países diferentes.

Entre os artistas já com reconhecida carreira mas que nunca estiveram no FMM, Carlos Seixas destaca a portuguesa Carminho, Lila Downs (México), The Selecter (Reino Unido), Nneka (Nigéria) e Rodrigo Cuevas (Espanha), entre outros.

Chico César (Brasil), Tinariwen (Povo Tuaregue/Mali) e Al Quasar feat. Al Sarah (França/Arménia/Líbano/Sudão) estão entre alguns dos repetentes.

A delegação portuguesa deste ano inclui, além de Carminho, a banda Expresso Transatlântico (responsáveis pela abertura, neste sábado, às 21:30, no Largo Marquês de Pombal, em Porto Covo), Tó Trips Trio, A Garota Não, Maria João e Carlos Bica Quarteto, B Fachada, Rita Braga, Rita Vian e Raia.

Entre os países de língua oficial portuguesa, Brasil (com Céu, Chico César, Gilsons e ainda, num concerto especial, a Orquestra Maré do Amanhã) e Guiné-Bissau (Eneida Marta, Super Mama Djombo e Tabanka Djaz) têm as maiores delegações.

Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe também marcam presença nesta edição, respetivamente com Tubarões, Ghorwane e África Negra.

Além disso, Carlos Seixas recorda que o FMM “não é só concertos”, referindo as iniciativas paralelas, que pretendem continuar a ser um “agregador e motor da produção de pensamento e da descoberta cultural”.

Nas 23 edições que já leva de vida, o FMM acolheu mais de 3.600 artistas de uma centena de países e regiões.

Em 2017, o FMM recebeu o EFFE Award, atribuído pela European Festivals Association, por ser um “dos mais influentes festivais europeus”.

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