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Emigração não pode ser a única solução

© Raúl Reis / BOM DIA

A emigração parece, cada vez mais, a única saída para quem quer ver recompensado o seu esforço e trabalho. Os jovens não veem futuro no país e são obrigados a emigrar para conseguir “sair de casa dos pais” e juntar algum dinheiro. Será este o País em que queremos viver? Para mim, não.

Algo que me deixa bastante transtornado e que não me é fácil de conceber é o facto de Portugal suportar os custos da educação da sua população, e bem, a meu ver, mas depois não conseguir apresentar condições para que o conhecimento apreendido pelos alunos permaneça no país. Quer dizer, investe na educação, mas depois não obtém os frutos deste investimento. Ainda pior, não só não fica com estes frutos como os perde para outros países “concorrentes”. Não culpo, de todo, os jovens portugueses, que apenas saem do país em busca de melhores condições de vida. Culpo, sim, o Governo pela má gestão que faz dos seus recursos e pela falta de capacidade que tem de “agarrar” todos os que querem trabalhar. Sim, porque os emigrantes são cidadãos com vontade de trabalhar, simplesmente não acreditam que o seu trabalho vai ser justamente recompensado em Portugal, e preferem emigrar para países competentes que valorizam e premeiam o esforço. E eu estou totalmente solidário com esta ideia. Não está certo ter jovens recém-licenciados com míseros salários que chegam somente para pagar a renda da sua modesta casa e pouco mais. É uma vergonha que assim seja, mas assim o é. Lamento, também, que o Partido Socialista e o Governo não reconheçam, ou melhor, não queiram reconhecer esta realidade. Para estes, o seu trabalho é magnífico e os resultados estão à vista nos seus próprios gráficos. Na realidade, o país está caótico e cheio de problemas estruturais graves que carecem de resolução. 

É obrigatório tomar medidas que mudem o rumo que o país está a levar. É imperativo reter os jovens em Portugal, aqueles que representam o futuro do país. E não basta dizer, como temos visto, que as políticas já estão em prática, apenas temos de esperar para ver os seus resultados. Afinal de contas, o que fez o Partido Socialista nos últimos oito anos? Não foi o PSD nem o Chega nem a Iniciativa Liberal que estiveram a Governar o país! Foi o Partido Socialista que tomou conta do executivo. Ao afirmar que é preciso aguardar para ter acesso aos resultados do seu executivo, o Governo passa um atestado de incompetência a si próprio, aos seus últimos anos à frente do país. E eu congratulo que sejam os próprios a assumi-lo, não posso é aceitar que esta ideologia do “está tudo ótimo” vigore por muito mais tempo. O Governo de António Costa é um Governo cansado, gasto. Estamos provavelmente a atravessar o pior momento de Democracia desde o 25 de Abril de 1974. Este Governo totalitário é tudo menos benéfico para todos nós, e quanto mais tempo permanece no ativo pior ficará o estado do país. 

Devo, de igual forma, partilhar a minha insatisfação sobre algo dito pelo Presidente da Câmara Municipal do Porto, Dr. Rui Moreira. Estive presente na conferência promovida pela Universidade Católica Portuguesa, intitulada “We, the citizens: Imagining Urban Communities in the 21st Century”, que teve como orador principal Rui Moreira. Após a sua exposição, tomei a liberdade de colocar uma questão que, a meu ver, é bastante pertinente: Qual o papel das cidades, em concreto a cidade do Porto, para combater a forte emigração dos jovens qualificados. Devo confessar que a resposta que obtive foi desanimadora. Respondeu-me que não vê problemas de grande escala nos jovens emigrarem. Devem ser livres de o fazer, tal como o próprio e seus familiares mais próximos fizeram. Fiquei desapontado, mas, acima de tudo, senti-me triste. Triste por ter a consciência de que a cidade do Porto está entregue a uma pessoa que não acha preocupante ver o dinheiro dos impostos dos contribuintes, dinheiro este investido na educação, ser apontado para enriquecer outros países, países concorrentes. A emigração deve, sim, ser uma opção, mas não a única opção. Temos de atrair aqueles que já emigraram de volta a Portugal. Temos de diminuir o custo de vida em Portugal, diminuindo a carga fiscal. Temos de aumentar os salários de forma generalizada. Temos de diminuir o IRS pago pelos jovens para que possam poupar e, posteriormente, investir. Temos de dar benefícios às empresas que acolham os recém-licenciados. Temos de mudar!

Os emigrantes têm um papel fundamental nesta mudança que temos de fazer. Não tenho dúvida que estes são dos que mais interesse têm em mudar a situação que se vive em Portugal. Afastados da sua terra natal, e muitas vezes afastados das suas famílias, decerto que preferiam não viver afastados das suas origens. Não nos devem sujeitar a escolher entre receber o salário mínimo de 740 euros por mês e viver perto da família ou receber 2142 euros mensais (salário mínimo no Luxemburgo) e viver a largos quilómetros dos familiares. E é por isso que nos devemos unir quando formos chamados a eleições. Quando a votos formos chamados, e eu espero que seja antes do esperado, votemos com consciência e a pensar no nosso futuro e no futuro das próximas gerações que ainda podem ter acesso a uma vida digna, desde que a mudança seja feita já.

Francisco Pereira Baptista, 19 anos

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