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“Antes de olharmos para a casa dos outros, olhemos para a nossa”

© Lusa

O mundo político em Portugal tem sido atribulado, em especial desde a entrada na Assembleia da República do Partido Chega, no início apenas com um Deputado, hoje com doze, que veio alterar a forma como a política é praticada e o mediatismo em torno do Plenário e demais reuniões políticas. Este Partido permanece, aos dias de hoje, como a terceira força política portuguesa e será importante perceber na realidade o porquê desta subida constante nas sondagens que cada vez mais o aproxima dos dois principais Partidos portugueses.

As notícias que envolvem o Partido Chega são quase diárias, em parte provocadas pelo próprio Partido, que tem como objetivo nítido a contínua presença na vida das pessoas através de opiniões menos comuns face aos demais Partidos com representação parlamentar, mas também em parte provocadas por outras entidades que promovem, mesmo não sendo esse o objetivo, este mediatismo. Exemplo disso foi o mais recente momento em que Augusto Santos Silva, Presidente da Assembleia da República, teceu comentários durante o discurso de Lula da Silva sobre o protesto do Chega em pleno Parlamento e, mais tarde, excluiu os membros do Partido Chega de visitas a parlamentos estrangeiros. Desta forma, os festejos do 25 de Abril de 2023 ficaram marcados nos telejornais e redes sociais maioritariamente por estes acontecimentos atípicos e mediáticos.

Será, naturalmente, benéfico para o Chega que continue a haver episódios como este, uma vez que é desta forma que o Partido continua a crescer e a ficar ainda mais conhecido entre a população. A tentativa dos opositores de contrariar o Partido Chega de André Ventura publicamente acaba por ter o sentido contrário ao pretendido por estes mesmos opositores, que acabam por “atirar lenha para a fogueira” e aumentar as notícias em que está presente o Partido Chega. Fazendo uma analogia com o Marketing, esta é, sem dúvida, uma forma de publicidade gratuita para o Chega e para a promoção do Partido, que se apresenta em grande plano como oposição firme ao sistema.

Na minha perspetiva, todo este mediatismo deve ser repensado, sim, mas deve também haver uma revisão sobre este crescimento tão repentino e acentuado do Partido Chega. Vejo muitos influentes no mundo político distanciarem-se do Chega, manifestarem-se contra as atitudes e os objetivos do Partido, declararem-se contra os ideais do Partido de André Ventura. Creio que devemos parar para pensar e perceber o motivo deste crescimento. Ora, um Partido de oposição apenas cresce desta forma quando aumenta consideravelmente o descontentamento da população em relação ao Governo, a juntar à falta de alternativas, na ótica dos eleitores, para um novo Governo. É desta forma que um Partido que se opõe veemente ao Governo e, acima de tudo, que pretende uma rutura do sistema, cresce. Uma frase célebre e conhecida por todos aplica-se, de forma perfeita, a esta questão: “Antes de olharmos para a casa dos outros, olhemos para a nossa”. Se os eleitores estivessem satisfeitos com o rumo que leva o País, ou com outras soluções moderadas existentes para melhorar este rumo, não haveria, com certeza, tanto apoio para Partidos de oposição que, com mérito próprio e com demérito de outros, aumentam constantemente o seu número de apoiantes. Quem não deseja a ascensão de Partidos tendencialmente mais radicais, e por mais radicais refiro-me não só ao Partido Chega, mas também ao Bloco de Esquerda e ao Partido Comunista Português, que apesar de estarem em queda nas sondagens e na representação partidária, não deixam de o ser, tem de perceber que o caminho pelo qual Portugal caminha não está a ir ao encontro do desejado por cada vez mais parte da população portuguesa, sendo obrigatória uma mudança de políticas que vão mais ao encontro do pretendido pelos eleitores. 

Francisco Pereira Baptista

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