Teatro Nacional de São Carlos,
no último ensaio da ópera La forza del destino
o encenador não pára de vociferar
mas que mal fiz eu a Deus?
mas que mal fiz eu a Deus?
o director do teatro, perdido em
palavrões em surdina, exclama amiúde
ai va-lha-me Deus
va-lha-me Deus
Deus me livre…
diz a soprano, de quando em vez,
para o tenor, apreensiva
seja o que Deus quiser
responde, tranquilíssimo, o tenor;
e repete para si
seja o que Deus quiser
o maestro, batuta atirada ao chão,
sem força, em polvorosa,
em coro com as suas arrelias, clama
Deus… Deus… Deus…
mas quem diabos é Deus?
dm
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