De S. Pedro do Sul até ao longínquo Timor
Por mares já antes navegados por Camões
Deixei minha mãe o meu grande amor
Na hora da partida, partidos estavam muitos corações!
Era Abril de mil novecentos e sessenta em nove
As mães no Cais gemiam no íntimo, era demais
Vinte e tal anos e só poeta quem pode
Levava uma sebenta, um lápis e pouco mais!
Escrevo pequenos romances e pequenas epopeias
Abro as portas a qualquer silêncio amordaçado
Respiro a brisa da manhã para ter novas ideias
Uso máscara e não respiro nenhum ódio coado.
Pesquiso novas ideias e procuro decifrar ais
Estou pronto para romances e metáforas
Rejeito a escrita fácil de palavras fatais
Cada frase e rima deve ser doce como amoras.
E cada texto deverá ser um bom amigo
Um herói com palavras puras e versificadas
Assim envio uma epopeia para dormir contigo
Seja num campo de feno ou nas picadas.
Cada pequeno romance fica na expectativa
De como se desenrolará então a conversa
Seja prosa, poesia, ou seja, em carne viva
Falarei de Camilo, de Camões, sim amigo ora essa.
José Valgode