Onde estão os meus sonhos triunfantes
os firmamentos azuis prometidos
esperei até me exaurir os cavaleiros andantes
e os amanhãs de ouro e mel nunca surgidos.
As minhas quimeras sagradas
são hoje navios de velas rasgadas
desfraldados como trapos rotos aos ventos
sem salvados nem cádaveres nem lamentos
em praias de pedras que o mar esqueceu
papagaios de cera que o sol derreteu
tudo derrelictando-se numa tétrica sinfonia
em páramos habitados tão somente de agonia.
Os meus sonhos de menina de olhos esbugalhados
eram meros navios de papel hoje naufragados.
Daniela d’Ávila
11.01.2022