Olho, de onde está
O meu corpo todo nu, vazio, carente
E vejo os meus pés no lodo
Ombros caídos, dormente…
E olhar para baixo,
Constatar o evidente
Que a vida anda para trás
Contracorrente,
Dá-me náuseas!
E bato com os pés com força,
E reparo aliviada que os pés estão sujos
Mas a cabeça está levantada.
E fito. Fito o horizonte,
E brilham-me os olhos renascidos,
Endireito-me, cresço,
Forte como a rocha.
E ali atrás do monte
É só céu e estrelas e madrugada!
A noite é linda olhando para cima,
Onde a lua habita sossegada,
E os sonhos sorriem-nos uma outra vez.
As guerras ficam mais fáceis de vencer,
Em comunhão com esse todo que nos abraça.
E o lodo torna-se rio que passa.
Patrícia Barata, 2018