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João Baião ofende as Acessibilidades

João Baião é um excelente profissional que nos enche o tempo todo com a sua boa disposição e alegria.

João Baião tem muitíssimas qualidades e é carinhoso e merece todo o nosso apreço, enquanto telespectadores.

João Baião é tudo o que quisermos dizer. Ele é sem dúvida, um grande senhor da televisão.

Mas o que João Baião não pode – não pode mesmo, nós não deixamos! – é: ofender as Acessibilidades*.

A RTP como serviço público de televisão tem que ser um lugar aberto a todos, sem restrições, onde todos possam participar, onde todos sejam bem-vindos, onde todos tenham voz, onde todos mereçam ser tratados com dignidade.

A RTP não deixaria, tão facilmente, que se brincasse com as Acessibilidades. Mas João Baião já não trabalha na RTP, trabalha numa estação de televisão privada, onde ofender as Acessibilidades é menos importante e passa mais despercebido.

Com efeito, tem usado uma rábula em que se faz passar por néscio e em que faz todos rir dizendo coisas parecidas com:

– Aqui na televisão não queremos pessoas feias.

Pessoas feias não podem fazer televisão?

Ai não? Se forem feias ou tiverem manchas na cara já não podem ir à televisão?

E se forem gordas?

E se forem demasiado magras ou não tiverem um braço?

E se forem pernetas? Também não podem fazer televisão pessoas pernetas?

E pessoas cegas? Será que pessoas cegas, também não podem fazer televisão? Só podem ficar em casa a concorrer por telefone a concursos chorudos? Perguntamos.

Ou será que só pessoas fungosas e mal vestidas não possam fazer televisão. João Baião, na sua rábula em que se faz passar por néscio, não é suficientemente claro, mas dá impressão que basta ser um pouco deficiente ou ter, aos seus olhos, algum defeito (ou limitação?) para entrar no rol de excluídos.

Aqui vocês não podem entrar. Aqui não são bem-vindos. É assim que nos “convidam” a telefonar para um número que dá direito a prémios extraordinários em cartão.

Ora, felizmente, ou não, saiba-se, nós não somos todos tapadinhos. Ainda sabemos o que significa: estar muito bem vestidinho a apresentar televisão, sem ter o sentido das responsabilidades e o dever de inclusão.

 

*Acessibilidades, ler: “pessoas com deficiência”.

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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