De que está à procura ?

Comunidades

Xangai volta a ter um Clube Português

© DR

Mais de meio século depois, a mais cosmopolita cidade da China continental volta a ter uma associação cultural e recreativa portuguesa: o Clube Português de Xangai (CPX), cuja criação será celebrada este sábado com um “churrasco tuga”.

“O objetivo fundamental é agregar a comunidade através de iniciativas culturais e desportivas, e ajudar os portugueses que chegam a Xangai”, disse à agência Lusa Gonçalo Almeida Garrett, um dos promotores do CPX.

Sede de um município com cerca de 23,5 milhões de habitantes, Xangai é considerada a “capital económica da China” e também uma das mais cosmopolitas do país, juntamente com Hong Kong.

O número de portugueses residentes na cidade e nas vizinhas províncias de Zhejiang e Jiangsu, na sua maioria quadros entre 30 e 40 anos, entre as quais dezenas de arquitetos, rondará os 300, cerca de o dobro dos que estão registados na Embaixada em Pequim.

Só restaurantes portugueses há quatro, quase todos abertos nos últimos dois anos.

Gonçalo Almeida Garrett, 31 anos, radicado há quatro anos na China, é gestor de vendas numa empresa de materiais de construção estabelecida em Xangai.

“Há dois tipos de portugueses aqui: os que estão temporariamente e os que estão mais ou menos adaptados, e que, para já, não tencionam sair”,

O animador do CPX, tetraneto do dramaturgo Almeida Garrett (1799-1854), pertence ao segundo grupo.

Além de estar “adaptado” à vida naquela grande metrópole chinesa, Gonçalo Almeida Garrett diz ter “muito interesse” pela història dos portugueses em Xangai, que já foram uma das maiores e mais dinâmicas comunidades estrangeiras da cidade.

Antes da invasão japonesa, em 1937, havia em Xangai um famoso Clube Lusitano, que se transferiu depois para Hong Kong, recordou.

De acordo com o Censo de 1930, entre os 48.806 estrangeiros residentes em Xangai contavam-se 1.5999 portugueses – mais 193 do que os franceses, que governavam uma parte da cidade conhecida ainda hoje como “a antiga concessão francesa”.

A lista era encabeçada pelos japoneses (18.796), seguida pelos ingleses (8.449), russos, americanos e indianos. Os portugueses, quase todos oriundos de Macau, ocupavam o sexto lugar, à frente dos alemães, filipinos, dinamarqueses, polacos, espanhóis e mais 35 outras nacionalidades.

Xangai era então a “Paris do Oriente” e o “Paraíso dos Aventureiros”. Foi lá também que nasceu a indústria, o cinema e o Partido Comunista da China.

O nome da cidade em chinês – “Shang Hai” – significa, literalmente, acima do mar.

Quase uma centena de pessoas, dois terços das quais portuguesas, estão inscritas para o churrasco de sábado, que decorrerá no terraço de um restaurante local, adiantou Gonçalo Almeida Garrett.

Sinal dos tempos, e do cosmopolitismo da cidade, trata-se de um restaurante espanhol, propriedade de um cidadão chinês naturalizado português.

A ata inaugural do CPX será assinada na segunda-feira, no Consulado-Geral de Portugal, com a presença do Secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, que iniciou na terça-feira uma visita de uma semana à China.

José Cesário chegou a Pequim hoje, vindo de Macau, seguindo no domingo para Xangai.

TÓPICOS

Siga-nos e receba as notícias do BOM DIA