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Um português da Suíça apaixonado por café

Se é indiscutível que o bacalhau une os portugueses, que é a primeira comida que nos lembra assim que abandonamos solo pátrio, é também verdade que a nossa bica é também um importante traço de união lusófono.

Portugal foi no início da década de 1970 o terceiro maior produtor mundial de café robusta. Tivemos belos cafés arábicas em São Tomé. E não nos podemos esquecer que foi graças ao nosso país, que, no início do século XVIII, a planta do café foi introduzida no Brasil, hoje o maior produtor mundial desta commodity, por um português, o tenente Melo Palheta.

Foi esse nosso importante papel na divulgação do café que, como estudiosa que sou dos produtos portugueses, me levou a escrever o meu último livro, Conversas de Café (editado pelos CTT). O meu objetivo é sempre o de valorizar aquilo que de melhor temos, como é o caso dos nossos peixe ou dos nossos enchidos, sobre os quais escrevi os livros Portugal o Melhor Peixe do Mundo (Assírio & Alvim) e Sabores do Ar e do Fogo (CTT). A propósito do Conversas de Café tive a oportunidade de conhecer um casal de portugueses emigrados na Suíça, mais precisamente em Gossau: a Olga e o Manuel Guedes. Começámos por nos relacionar através do Facebook e, mais tarde, tive o gosto de frequentar com eles um curso na Academia do Café, em Lisboa. Foi a associação na pessoa do Manuel de um enorme paixão pelo café, que partilhamos, de um espírito organizado de colecionador e da ambição de os partilhar que mais me aproximaram dele.

O seu espírito de colecionador forjou-se ainda criança, altura em que já corria as feiras de antiguidades e de numismática do Porto com o pai, de quem herdou o gosto pelo colecionismo, moedas e selos. Depois de passar por várias áreas temáticas, Manuel Guedes deixou-se enredar apaixonadamente no mundo do café. Por um lado é um universo extremamente abrangente no qual se incluem selos, notas e moedas, títulos de câmbio, ações, livros e revistas, mas também belíssimos objetos, como moinhos, torradores, serviços, máquinas e uma enorme diversidade de utensílios. Todos estes itens fazem parte da sua bem avultada coleção e, interpretados em conjunto, contam-nos a história de Portugal no cultivo, transformação, comércio e consumo do café.

Manuel Guedes tem um coração bem português, quer no seu gosto pelo café, quer na sua ânsia de o partilhar com os outros. Essa partilha traduz-se nas várias exposições do seu acervo em vários países de forte emigração portuguesa, como a Suíça, o Luxemburgo e o Liechtenstein, mas vai mais além. Ele tem a ambição de fazer formação nesta área para poder um dia surpreender os portugueses com um café exemplar, que seja simultaneamente um local de encontro daqueles que estão longe da pátria, e uma forma de valorizarmos o nosso modo muito peculiar de bebermos café. Está na altura de nos tornarmos cada vez mais orgulhosos das nossas tradições, mas também mais exigentes. Em relação ao café, esperamos pela ajuda do Manuel Guedes.

Sabia que?

Italiana, longo ou carioca, qual tem mais cafeína?

Se quiser um café mais fraco – com menos cafeína – peça uma italiana, o chamado néctar do café (15 ml de bebida para 10 segundos de extracção). É verdade. Quanto menos tempo a água estiver em contacto com o café, menor será a extracção de cafeína. Se tomar um café «cheio» (50 ml para 40 segundos de extracção), este terá bastante menos corpo, mas mais cafeína, uma vez que o tempo de extracção foi mais longo.

Se gosta de um café longo mas com pouca cafeína, peça um carioca, mas veja se este é tirado correctamente: começa-se por colocar cerca de 10 a 15 ml de água quente no fundo da chávena e completa-se com uma italiana. Tem ainda a vantagem de conservar o creme. Um carioca mal tirado pode ter mais cafeína que uma italiana!

(Excerto do Livro Conversas de Café, Fátima Moura (Editado pelos CTT)

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