Papa Francisco começou quarta-feira a sua primeira viagem a África, durante a qual vai visitar Quénia, Uganda e República Centro-Africana com preocupações pela paz e diálogo entre religiões.
A bordo do avião, que partiu pelas 08h00 de Roma (menos uma em Lisboa), o Papa cumprimentou os cerca de 70 jornalistas que acompanham a viagem e disse ter “mais medo dos mosquitos” do que de eventuais ameaças terroristas ou atentados contra si.
Francisco confirmou ainda que pretende visitar o México em fevereiro de 2016, passando por quatro cidades, entre elas Ciudad Juarez, junto à fronteira com os EUA.
Francisco quer levar uma “mensagem de paz e de reconciliação”, disse aos jornalistas o diretor da sala de imprensa da Santa Sé, sublinhando ainda as preocupações com a promoção do diálogo inter-religioso e a luta contra a pobreza.
A 11ª visita internacional do pontificado começa em Nairobi, meses depois da morte de cerca de 150 universitários cristãos, num ataque da milícia islamita Al-Shabab, em Garissa, a 2 de abril.
Francisco vai fazer uma visita de cortesia ao presidente da República do Quénia e participará no encontro com as autoridades e o Corpo Diplomático.
Já na quinta-feira, o Papa começa o dia com um encontro inter-religioso e ecuménico, seguido pela Missa no Campus universitário da capital, esperando-se a participação de 300 mil pessoas; de tarde está previsto o encontro com o clero e os religiosos e a visita ao escritório da ONU em Nairobi, onde vai discursar sobre questões ambientais.
Esta intervenção deverá ter em vista a cimeira de Paris sobre o clima (COP 21), que se inicia na próxima semana.
Na sexta-feira, Francisco começa por visitar o bairro pobre de Cangemi, junto da comunidade jesuíta da Paróquia de São José operário, antes de um encontro com jovens no Estádio Kasarani e de uma reunião privada com os bispos católicos do Quénia.
A partida para Entebe, Uganda, acontece ainda no dia 27, começando com uma visita de cortesia ao presidente da República e o encontro com as autoridades e o corpo diplomático; o Papa visita depois o memorial dos mártires ugandeses para uma saudação a catequistas e professores.
No sábado, Francisco vai deslocar-se aos dois santuários dedicados aos mártires ugandeses, 22 católicos e 10 anglicanos, e preside à Missa pelos Mártires de Uganda na área do santuário católico, com cerca de 200 mil pessoas; segue-se o encontro com os jovens em Campala, a visita à Casa de Caridade Nalukolongo e os encontros com os bispos de Uganda, os membros do clero e dos institutos religiosos.
A 29 de novembro, o Papa parte para Bangui, República Centro-Africana, e tem como primeiro compromisso a visita de cortesia à chefe de Estado de transição do país, seguida pelo encontro com os líderes políticos e com o corpo diplomático.
“É como mensageiro de paz que me desloco para junto de vós. Tenho o desejo de apoiar o diálogo inter-religioso para encorajar a coabitação pacífica no vosso país e sei que isso é possível, porque somos todos irmãos”, disse Francisco, numa videomensagem.
Num país a recuperar das feridas da guerra civil, o Papa visita um campo de refugiados, junto a uma paróquia católica da capital da República Centro-Africana, com cerca de duas mil pessoas.
A tarde de domingo vai ser preenchida com vários outros compromissos: encontro com os bispos centro-africanos e as comunidades evangélicas, empenhadas na promoção da paz junto dos muçulmanos; a Missa com religiosas, catequistas e jovens na Catedral de Bangui, com a abertura da Porta Santa; a confissão de alguns jovens e a vigília de oração na esplanada diante da Sé.
Na segunda-feira, o Papa encontra-se com a comunidade muçulmana na Mesquita Central de Koudoukou em Bangui, e preside depois à Missa no Estádio do complexo desportivo Barthélémy Boganda, com cerca de 35 mil pessoas, no último momento da agenda.
A primeira viagem de um Papa a África foi a de Paulo VI ao Uganda, em 1969; João Paulo II esteve em mais de 40 países africanos e Bento XVI visitou três nações: Angola, Benim e Camarões.