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À política o que é da justiça

© Pixabay

Se pudessem, era assim. Justiça mansa e domesticada com decisões a pedido para quem é de Esquerda, separação de poderes com olhos vendados nos tribunais para o resto do Mundo. Não disfarçam, nem se preocupam.

Neste momento, o pretexto é Lula da Silva. Mas já foi José Sócrates e antes dele, outros. Não se trata de afirmar razões de princípio. A motivação é realmente corporativa, para defesa dos seus, à descarada, mesmo que implique virar a cara ao pior que a política pode gerar. Quem se mete com a Esquerda, leva.

22 deputados do PS, BE, PCP e PEV exigem que o Supremo Tribunal Federal do Brasil liberte Lula da Silva. Do alto da sua soberba, conviria que percebessem que estão longe de poder dar lições a quem seja. E caso não lhes tenha ocorrido, o grito do Ipiranga aconteceu em 7 de setembro de 1822. O Brasil é uma nação independente.

Como é que os comunistas argumentaram em 2016 sobre o voto de condenação pela detenção de Luaty Beirão nas prisões de Angola? “A Assembleia da República não deve aprovar um voto formal de condenação de uma decisão judicial angolana” e “Portugal não deve ser plataforma de ingerência sobre um Estado soberano”. Ou seja, condenar uma decisão dos tribunais angolanos não pode ser, porque o país, governado por um partido marxista, é soberano. Mas condenar os tribunais do Brasil pela detenção de um político marxista já tem que ser e a soberania não importa nada. Extraordinário.

Que fizeram o PCP, o BE e o PEV quando, em 2017, se tratou de dar a mão ao regime venezuelano, que mantinha encarcerados por delito de opinião os principais opositores do regime, casos de Leopoldo López e Daniel Ceballo? Juntos, votaram o texto laudatório da ditadura sul-americana.

A grande diferença em relação à Venezuela, que seria suposto ao menos o PS distinguisse, é que o Brasil é um Estado de direito. E na base da decisão estiveram casos de corrupção que os tribunais sopesaram. Quanto a isto, mesmo em tempos de geringonça, não deveriam subsistir estados de alma. Mas pensando bem, por cá, em 2014, quando José Sócrates foi detido, Mário Soares também argumentou: “Tem que ver com os malandros que estão a combater um homem que foi um primeiro-ministro exemplar.”

Ajuda a perceber que à Esquerda se justifique que no Brasil, três deputados do PT tenham articulado, com um juiz que foi filiado no mesmo partido, o dia de plantão em que poderia decidir politicamente e em absoluta deturpação de funções, a libertação de Lula da Silva.

Depois, filosofem em debates, pelos extremismos que crescem nas urnas.

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