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Von der Leyen quer criar um exército europeu

A presidente da Comissão Europeia anunciou esta semana que irá organizar, com o Presidente francês, uma cimeira de defesa em 2022, argumentando que é “necessário” a Europa desenvolver uma “União Europeia de defesa”.

“Temos de decidir como é que podemos utilizar todas as possibilidades que já estão nos Tratados. E é por isso que, durante a presidência francesa [do Conselho da UE, que decorre no primeiro semestre de 2022], o Presidente [Emmanuel] Macron e eu iremos organizar uma cimeira europeia de defesa. É o momento de a Europa passar ao nível seguinte”, salientou Ursula Von der Leyen.

A presidente da Comissão Europeia falava no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, no discurso do Estado da União, onde fez o balanço deste ano e projetou as prioridades para 2022.

Segundo Von der Leyen, nos últimos anos a UE tem “começado a desenvolver uma espécie de ecossistema europeu de defesa”, o que considerou serem “boas notícias.

No entanto, a presidente do executivo comunitário abordou o debate das últimas semanas sobre a criação de uma força de reação rápida europeia para interrogar-se porque é que este tipo de forças não funcionou no passado.

“Podemos ter as forças mais avançadas do mundo mas, se não estamos preparados para utilizá-las, qual é a sua utilidade? O que nos tem deixado para trás não é a falta de capacidades, é a falta de vontade política. Se desenvolvermos esta vontade política, poderemos fazer muito ao nível da UE”, apontou.

Nesse sentido, a presidente da Comissão Europeia defendeu que é necessário desenvolver uma “União Europeia de defesa”.

Elencando três dimensões por onde passaria essa União, Von der Leyen referiu que, numa primeira fase, é preciso “construir as fundações para a tomada de decisão política”, sublinhando que, neste momento, a UE tem o “conhecimento, mas está dividido” e a informação está “fragmentada”.

“Ficamos para trás se Estados-membros ativos na mesma região não partilharem a informação ao nível europeu, é vital que melhoremos a cooperação de informação”, destacou.

Além disso, Von der Leyen referiu também que é necessário “melhorar a interoperabilidade” e investir em “plataformas europeias comuns”, dando os exemplos do que já acontece no que se refere ao desenvolvimento de drones ou de aviões de combate a incêndios.

“Temos de continuar a pensar em novas maneiras para utilizar todas as possíveis sinergias. Um exemplo poderia ser levantar o IVA na compra de equipamento de defesa desenvolvido e produzido na Europa: isto não apenas aumentaria a interoperabilidade, mas também reduzir as nossas dependências atuais”, frisou.

Numa terceira dimensão, a presidente do executivo comunitário salientou a necessidade de se fortalecer a ciberdefesa, por considerar que, “se tudo está conectado”, então tudo pode ser ‘pirateado’.

“Deve ser aqui na Europa que as ferramentas de ciberdefesa são desenvolvidas. É por isso que precisamos de uma política europeia de ciberdefesa, incluindo através de legislação sobre padrões comuns, debaixo da alçada de um novo Ato Europeu de Ciberresiliência”, disse.

Ursula von der Leyen terminou referindo que se pode “fazer muito” em termos de defesa ao nível da UE, mas apelou a que os Estados-membros também “façam mais”.

“Isto começa através de uma avaliação comum das ameaças que enfrentamos e de uma abordagem comum para lidarmos com as mesmas. A Bússola Estratégica é uma parte chave desta discussão”, concluiu Von der Leyen.

O primeiro discurso do Estado da União foi proferido pelo então presidente da Comissão José Manuel Durão Barroso em 07 de setembro de 2010, uma prática que foi seguida pelo seu sucessor, Jean-Claude Juncker, e pela atual chefe do executivo comunitário.

Ursula Von der Leyen, que tomou posse em 01 de dezembro de 2019, fez a sua primeira intervenção deste género em 16 de setembro de 2020.

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