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Um século de aeronáutica militar em Portugal

A curiosidade da vida terrena passa igualmente pela curiosidade da vida “no ar”. Sem melhor introdução, podemos afirmar que a Quinta da Granja do Marquês, que era uma Escola Agrícola, passou a ser a Escola Militar da Aviação nos inícios do séc. XX. Assim são os primórdios da Base Aérea nº 1, que comemorou os seus cem anos em 2020. É nesta localidade, em Sintra, onde se encontra o atual Museu do Ar, que nasce o “Berço da Aeronáutica Militar Portuguesa”. E é isso mesmo que Pedro Gonçalves Ventura descreve num livro intitulado “Granja do Marquês – dez décadas ao serviço da aeronáutica militar portuguesa 1920-2020”, repleto de fotografias da época e da atualidade, a par de um texto interessantíssimo, o que permite ao leitor voar pelas trezentas páginas com entusiasmo.

É uma verdadeira epopeia que muitos desconhecem:

«As primitivas instalações, ocupadas a 5 de Fevereiro de 1920, misturam o tipicismo da ruralidade de uma Quinta com o improviso de uma unidade militar nascente (…) A guarnição inicial era extremamente reduzida…». Mas a escola ganha robustez e os seus aviões, “enormes aranhas aladas” (como se refere L.A. Morais aos 14 Caudrons G3) vão seguindo o caminho da modernização, vindo os Morane, os Vickers e os Potez… até que surge a segunda metade do séc XX, com a era dos jatos.

E como nenhuma história é feita sem os seus intervenientes, aqui temos as chefias, os instruendos que viveram a Escola Militar de Aviação e as sublimes recordações, como as do primeiro Curso para Praças Pilotos de 1937, onde uma turma mostra, orgulhosa, o seu brevet e diploma de piloto.

As Forças Armadas reorganizam-se, sendo fiéis aos “(..) valores e tradições da aeronáuticas militar portuguesa, desde o espirito intrépido de Gago Coutinho e Sacadura Cabral, da aviação naval, passando pelo heroísmo de Óscar Monteiro Torres e Sarmento de Beires, da aeronáutica Militar.” (cit. Alvará n. 26 /2009 da Chancelaria das Ordens Honoríficas). Muito existe para se conhecer.

Importa saltar no arco do tempo, pois há tanto e tanto para contar até chegar ao Hunting jet Provost, ou mesmo focar a importância da Escola de Estudos Superiores da Força Aérea. E em 1978 temos a Academia da Força Aérea com cursos de pilotos-aviadores, engenheiros aeronáuticos, eletrotécnicos e tantas outras valências. E assim chegamos ao Chipmunk MK20.

Na verdade, dentro desta arte de voar há vários aspetos a referir: o humano, repleto de obediência, mas de igual camaradagem; e o técnico, de saber ultra especializado, de grande empenho académico e prático.

Neste livro, o leitor pode recordar a Esquadra 102 “Panchos”, que formou vários pilotos e realizava inimagináveis acrobacias, com o nome de “Asas de Portugal”.

A aviação portuguesa é reconhecida internacionalmente e são várias as figuras imortalizadas na História. Enquanto houver quem a conte e quem a leia, ela propaga-se com rejuvenescido entusiasmo. E, assim, as asas de Portugal continuam abertas para um futuro que se espera com igual sucesso.

Citando a escritora norte-americana Helen Keller, «nunca se pode concordar em rastejar, quando se sente ímpeto de voar».

Ana de Albuquerque

 

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