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Ultimato dos coletes amarelos resultou em caos

Os protestos dos coletes amarelos, este sábado na sua 23.ª edição, intitulada “ultimatum”, redundaram em caos. Os ânimos estavam exaltados desde que o incêndio que destruiu parte da Catedral de Notre-Dame de Paris conseguiu mobilizar donativos de milhões.

Havia líderes do movimento de protesto a criticar a solidariedade com as pedras, mas não com os cidadãos. E os “casseurs” aproveitam-se sempre da exaltação dos humores.

A polícia previra o reforço da mobilização e avisara, até, que Paris fora identificada como “a capital do motim”. Razão pela qual fora proibida uma marcha pedida para a margem do Sena mais próxima da Ilha da Cité, onde se ergue Notre-Dame.

As imagens de veículos e mobiliário urbano incendiados e comércios saqueados, ao princípio da tarde, confirmaram as previsões. Como se confirmou, também, que Paris voltou a ser o centro nevrálgico da mobilização, com mais de 9000 manifestantes recenseados, contra uma média de cinco mil nas últimas semanas. Paradoxalmente, o número nacional de manifestantes calculado pelo Ministério do Interior dá nota de 27.900 pessoas, menos do que há uma semana e contrariando o número oficioso dos próprios coletes amarelos, que passa de 101 mil.

Os confrontos foram mais pesados na Praça da República, local tradicional de manifestações em Paris, para onde confluíram os coletes amarelos e, infiltrados, elementos radicais vestidos de negro e de cara tapada. Ao fim da tarde deste sábado, somavam-se 227 interpelações, 122 detenções, mais de 22.500 controlos preventivos e três marchas para “partir ao assalto do Eliseu e dos Campos” Elíseos travadas. A rede de Metro chegou a estar parcialmente interrompida.

É verdade que Notre-Dame propulsou o presidente francês, Emmanuel Macron, para cotas de popularidade de que já não se recordava, porquanto exaltou a união nacional em torno da quase perda e do salvamento perigoso de um monumento que é a representação da História de França – e é, só, o mais visitado do mundo, com 12 a 14 milhões de curiosos por ano.

É verdade também que essa popularidade subiu apesar de Macron ter adiado o anúncio de medidas para responder a cinco meses de protesto amarelo. Estava previsto para o dia do fogo, acontecerá na próxima quinta-feira e já se sabe que dele deverão constar descidas de impostos, isenções fiscais e, até, regras facilitadas para referendos de iniciativa cidadã.

Mas Notre-Dame pode ter funcionado ao contrário para a pequena multidão que lidera o movimento dos coletes amarelos. “Victor Hugo agradece-vos por Notre-Dame de Paris, mas não esqueçam mais os miseráveis”, lia-se num cartaz em Paris, em referência a duas obras do escritor do séc. XIX. “Valemos bem uma catedral”.

 

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