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Toronto: pequeno comércio português pode não sobreviver à pandemia

Muito do pequeno comércio existente no Little Portugal de Toronto “não vai sobreviver à pandemia num futuro que nunca será normal”, numa área que está a perder, pouco a pouco, a identidade portuguesa.

A dirigente associativa Anabela Taborda teme o futuro da restauração na maior cidade canadiana, em particular naquela zona, que conta com 320 estabelecimentos comerciais que integram a associação comercial e de serviços local (Little Portugal On Dundas BIA).

“É uma crise enorme que está a afetar o comércio inteiro, não só aqui, mas em toda a cidade. As pastelarias conseguem continuar a funcionar, a maior parte dos restaurantes estão fechados, alguns fazem take out, mas na realidade não é o movimento que tinham anteriormente, agora pouco dá para pagar a renda”, disse à agência Lusa a presidente da associação.

A área está a perder lentamente a identidade portuguesa, através de um processo de gentrificação, mas continua a ser um centro para o pequeno comércio, principalmente para a comunidade emigrante.

Um dos principais problemas que os empresários estão a enfrentar “são dívidas que se vão acumulando” num futuro que “nunca será igual ao até aqui”, pois quando “reabrirem os estabelecimentos o espaço será limitado” e “não vão poder ter o volume de negócio habitual”, alertou a responsável.

Em funcionamento há cinco anos, no número 191 da Dundas Street West, a Saudade de Toronto, um estabelecimento que importa produtos artesanais de Portugal, tem uma “baixa nas vendas em 90 por cento” em relação ao período anterior.

“Tivemos de fechar as nossas portas, as vendas baixaram em 90 por cento. Temos a sorte e a felicidade de termos uma grande comunidade e amigos que nos têm ajudado online, para pagarmos as nossas contas. Tem sido muito duro enquanto pequeno negócio”, afirmou Fátima Santos, uma das proprietárias.

O governo canadiano já anunciou várias medidas de incentivo ao pequeno comércio, inclusive esta semana anunciou um subsídio no valor de 40 mil dólares (26 mil euros) para empresas ativas, que confirmem ter uma conta bancária antes do dia 01 de março e que provem ter uma despesa com funcionários com um valor superior a 20 mil dólares (13 mil euros) até ao máximo de 1,5M (980 mil euros).

O pequeno comércio dispõe ainda de incentivos de ajudas de custo para funcionários desde 10 a 75 por cento, e de apoio para a pagamento das rendas de até 50 por cento.

Mas, para a empresária, torna-se complicado porque “ainda há muita burocracia no processo” que pode ser longo para “muitos dos pequenos estabelecimentos comerciais”.

Mais a oeste, no número 1435 da Dundas Street West, o talho e charcutaria Pavão Meats & Deli, aumentou o número de clientes, mas tem um limite na presença física dentro dos seus estabelecimentos.

“Em geral as pessoas estão a cozinhar muito mais em casa, temos tido o dobro dos clientes, mas temos de atendê-los com segurança, tem sido complicado. Em geral estamos a lidar o melhor possível, para evitar o vírus e não contaminar”, justificou Luís Pavão.

O empresário reconheceu, contudo, a dificuldade para todos, devido às mudanças implementadas com a pandemia, tendo como prioridade a proteção dos empregados e dos clientes, exigindo a utilização de máscaras e de luvas no interior das suas lojas.

O alto custo das rendas e as despesas com mercadoria imobilizada, com a eletricidade ou créditos bancários são alguns dos principais problemas que afetam o pequeno comércio, revelou um estudo efetuado pelas associações comerciais da cidade de Toronto, a que a agência Lusa teve acesso.

Até hoje, o novo coronavírus, já tinha causado no Canadá perto de seis mil mortos e mais de 74 mil infetados.

 

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