o meu vizinho de cima
em incessantes discussões com a mulher
e a adolescência das duas filhas
o meu vizinho da direita
um idoso praticamente surdo
com a televisão o dia inteiro
em níveis ensurdecedores
o meu vizinho da esquerda
em ralhação constante com a cadela
o quadrúpede mais irrequieto da cidade
o meu vizinho de baixo
em monólogos fervorosos sobre os vizinhos
as intermináveis obras na nossa rua
a cidade, o governo, o país e a vida
o meu vizinho da frente
em recorrente e espalhafatosa celeuma com Deus
este prédio
é o salão de baile de um manicómio
na próxima reunião de condomínio
vou ler este poema
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