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Sardinha contra Cavala

Atrevo-me a dizer que a sardinha faz parta da nossa tradição enquanto portugueses. Seja no pão ou no prato, seja em conserva ou assada, não pode haver festas populares sem sardinha! Isso é impensável!

Este peixe gordo, muito saudável e nutritivo, é rico em ómega-3 e uma importante fonte de cálcio. Ou seja, nada há contra a presença de sardinha na nossa roda dos alimentos. Exceto um pequeno pormenor: a sua sustentabilidade. Se queremos continuar a comer, temos que assegurar que as teremos por muitos e longos anos.

Estes animais reproduzem-se durante todo o ano, sendo que, em Portugal esse período se situe entre dezembro e abril (Já dizia o povo “Sardinha de Abril, vê-la e deixá-la ir”). Podem viver até 15 anos, atingindo a maturidade sexual apenas a partir dos 3 anos de idade. E é este o principal problema para a sua conservação. A sardinha é um dos peixes que começa a reproduzir-se mais tarde no seu ciclo de vida. Ou seja, a probabilidade de serem pescadas antes de se terem reproduzido pelo menos uma vez na vida, é muito elevada.

Uma das alternativas ao consumo de sardinha, é a cavala. Sim, eu sei. Já estão a dizer: “Não é a mesma coisa! Cavala no pão, nem pensar!” Eu sei, eu sei. Mas se quisermos continuar a consumir a nossa rica sardinha, temos de encontrar outras formas de adquirir os nutrientes que precisamos. A cavala, “prima” da sarda e do atum, também é um peixe gordo, rico em ómegas-3 e com todas as propriedades nutricionais de uma sardinha. Embora também possa viver até aos 15 anos, a sua maturação é mais precoce, o que permite uma maior sustentabilidade da sua espécie. Para além da pressão comercial ser muito menor na cavala do que na sardinha.

Se quisermos continuar a “puxar a brasa” à sardinha, temos de adotar comportamentos mais conscientes. Não é ter a ideia que “já não se pode comer nada nos dias de hoje”, mas a atitude tem de ser, e usando um ditado português, “Nem sempre galinha nem sempre sardinha.”

Há mais peixe no mar. Porque não variar?

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