
Uma foto no Facebook, mostrando uma criança a beijar a mão de um padre, trouxe-me à memória práticas antigas de respeito, como beijar a mão de pais, avós, tios, padrinhos e padres. Embora o gesto seja nostálgico e bem-intencionado, ele pode ser mal interpretado hoje, reforçando preconceitos ou uma visão idealizada do passado.
O respeito é um valor essencial, mas a forma como o praticamos precisa de evoluir. Acredito que o respeito, embora bastante defraudado, ainda existe, mas talvez se manifeste de formas diferentes. Em vez de ser imposto por uma estrutura hierárquica, ele pode ser cultivado através do diálogo, da empatia e do reconhecimento mútuo – no amor ao próximo realizam-se de maneira mais profunda as características anteriores.
No entanto, não podemos ignorar que há uma tendência atual de criticar o passado de forma simplista, especialmente quando se trata de valores familiares e religiosos, ou ignora que o respeito actual também enfrenta desafios, como a falta de cortesia no dia a dia. O marxismo e o materialismo contemporâneo, por exemplo, muitas vezes utilizam imagens como essa para denegrir tradições cristãs, sem propor alternativas verdadeiramente inclusivas. Essa crítica, porém, acaba sendo tão superficial como a nostalgia que pretende combater.
No entanto, isso não significa que o respeito tenha desaparecido. Estamos num processo de transformação, buscando formas mais justas e inclusivas de convivência.
Para os cristãos, o exemplo máximo de respeito e amor ao próximo está em Jesus Cristo: um respeito que vai além de gestos simbólicos e se traduz em acções concretas de amor ao próximo. A nostalgia pelos valores antigos pode ajudar-nos a refletir, mas o respeito deve ser vivido de acordo com os valores e necessidades do nosso tempo.