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Reflexão sobre a democracia

Deambulava numa manhã de domingo, na Praça da Batalha, no Porto, quando perpassei por sujeito, elegantemente trajado: calça e casaco azul-marinho, camisa branca, gravata cinza. Estaquei. Era janota de meia-idade, ou casquilho, como diziam nossos avós.

De súbito, encaminha-se sorrateiramente para junto de bando de pombas, que tomavam sol, sobre as lajes.
Com violência, levanta o impecável sapato de verniz preto, e bate fortemente no granito. Assustadas, levantam num alvoraçado voo.

O “cavalheiro “, com ar de gozo, solta sonora risadinha, como se fosse garotinho traquina de escola.

Verdadeiro moleque, como dizem nossos irmãos brasileiros.

Depois… um pouco mais adiante, repete a gracinha, e de novo o rosto se ilumina de alegria.

Vendo essa criança, de quase cinquenta anos, de cabelos grisalhos, fiquei a pensar: “É esta gente, que escolhe os governantes da nação!…”

Alex Carrel, dizia acerca dos homens do seu tempo: “Os indivíduos, tanto em França, como nos Estados Unidos, não ultrapassam a idade psicológica dos dez anos. A maioria nunca chega a atingir a maturidade mental. E, no entanto, são esses sub-homens que, graças ao sufrágio universal, dão o seu tom à política nacional”.

Como se pode verificar, a humanidade pouco evoluiu. – A prova disso, é o comportamento agarotado do “cavalheiro” que encontrei na Praça da Batalha.

É a democracia, como se sabe, até então, a melhor forma de dirigir as nações, mas, para que o regime democrático seja perfeito, é mister, como disse Afrânio Peixoto, que o povo seja educado, e conheça perfeitamente os deveres: “ Só assim ele saberá escolher um governo idóneo que lhe prepare o destino adequado e sobre o qual possa sempre exercer uma influencia salutar”.

Agora – que o ensino é obrigatório, – e o povo está mais educado – diria melhor instruído, saberá escolher, com acerto, ou continua a ser apenas eco da minoria?

Ao assistir – pela TV – a congresso de importante partido político escutei, atónito, as respostas de congressistas, que iam escolher o líder.

Interrogados pelo repórter, se conheciam a moção que iam votar, responderam que não. E confessaram, também, que nunca leram o estatuto do partido!

Se congressista, que escolhe o líder, desconhece tudo, ou quase tudo… o que será o povo que nunca entrou numa sede partidária?

Na generalidade, defende-se a ideologia, do mesmo jeito como se torce por clube desportivo, porque o pai é adepto, ou, para ser do contra, defende-se o clube rival.

Rousseau, disse que a democracia era o regime ideal. “Se existisse um povo de deuses, governar-se-ia democraticamente. Um governo tão perfeito não convém aos homens”.

O povo continua e certamente continuará, a ser, apenas, eco da mass media e demagogos.

 

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