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Rádio suíça despede apresentadora portuguesa de forma polémica

A produtora Cristina Rodrigues, apresentadora de um programa em português emitido diariamente pela emissora suíça “Radio Cité Genève”, alega ter sido dispensada por ter dado voz a um “partido controverso” que defende o fecho de fronteiras.

A apresentadora do “Portugalidades” disse em declarações à agência Lusa ter sido vítima de “um complot” e de ter sido despedida por colocar no ar “’gravações’ de um partido de que a direção [da emissora], aparentemente, não gosta”.

Cristina Rodrigues, que diz que não era remunerada, explicou que o partido em causa (Mouvement Citoyens Genevois – MCG) “tornou-se controverso, porque quer fechar as fronteiras”.

“Estamos a ter uns valores de fundo de desemprego e na assistência social nunca vistos na história da Suíça. Portanto, tem de haver uma solução. E é um partido que surgiu um bocadinho nesse sentido. Colaram-lhes o selo que eles são ‘anti-fronteiriços’ e ‘anti-estrangeiros’ e a malta fica toda revoltada”, explicou.

Em todo o caso, sublinhou a apresentadora, a deontologia foi preservada ao longo da emissão do programa em causa, emitido no passado dia 10, e ainda disponível na página online da estação de rádio.

“Tinha quatro candidatos em estúdio e passei duas gravações. As duas gravações são de um partido que a direção, aparentemente, não gosta. E eu não tenho culpa. Dei a liberdade de expressão a todos. Não houve da Cristina Rodrigues qualquer incitamento aos portugueses para votarem num ou noutro partido. Em nenhuma circunstância”, afirmou.

Em sua defesa, Cristina Rodrigues apontou ainda o facto de “todos os candidatos” terem assinado “uma carta de solidariedade, em como não se sentiram prejudicados por [a apresentadora] ter incluído [no debate] aquele partido, que é bastante controverso na cidade”.

“A dona da rádio [Viviane de Witt], pelos vistos, não gosta deles. Eu perguntei, se havia uma proibição de entrevistar elementos desse partido, deveriam ter-me comunicado para eu obedecer”, disse. Nada, no entanto, foi dito nesse sentido à apresentadora, segundo a própria.

Pelo contrário. “Não, não é nada proibido!”, ter-lhe-á sido dito no momento em que foi dispensada.

Cristina Rodrigues diz ter sido chamada à administração da rádio e de se ter sentido “chocada” com a forma como foi tratada: “Eu tenho dez anos de casa. Veio um guarda-costas receber-me, muito cordial, cerimonioso, acompanhou-me ao gabinete da senhora [Viviane de Witt], onde então estavam o técnico de rádio, estava o contabilista-chefe da empresa e a patroa”.

Nessa reunião, a apresentadora diz ter sido “pressionada” e “intimidada”.

“Queriam a toda força que eu dissesse que era simpatizante desse partido político. Eu disse: ‘não sou! E que fosse, o voto é secreto! Não tenho aqui que dizer de que partido sou simpatizante. Não é a minha função!’. E foi assim que, de repente, [Viviane de Witt] se levantou, apontou o dedo para a porta, dizendo: ‘é agora que vais para a rua!’.

Cristina Rodrigues disse que “tornar pública esta situação” foi apenas o primeiro passo, mas não revelou o que tenciona fazer em seguida.

A apresentadora manifesta também a convicção de que a estação de rádio vai manter programação em português, mas “não vai poder utilizar” o “Portugalidades”, que diz ser um “conceito” seu.

“Criei-o”, disse.

A agência Lusa tentou, até agora sem sucesso, obter uma resposta de Viviane de Witt sobre o acontecimento e confirmar se a estação manterá na sua programação algum programa em português.

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