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Quem tem realmente um amigo

Quem tem realmente, um amigo

Se não tens em conta, o meu mundo interior,

E eu faço o mesmo contigo,

Se o que somos por fora é mais digno ou melhor,

Como lograremos fazer jus à aceção da palavra, amigo.

 

Usa-se com facilidade a palavra, amigo, mas amigo é muito mais do que somente proferir a palavra.

À medida que vamos crescendo e a vida nos vai devorando, a palavra amigo vai-se pondo à prova enquanto nos movemos em diferentes direções, e é com os diferentes afazeres da vida e das suas incongruências, que vamos percebendo que muito embora a amizade subsista, por aquele de quem outrora fomos amigos, embora o respeito e a consideração persistam também, a palavra amigo é forte demais para ser tomada levianamente, e talvez…acabamos por perceber que…ninguém tem realmente um amigo.

Nada de errado nisso.

Afinal, cada um de nós tem um mundo dentro de si, tão pessoal e tão único, que para fazer jus ao verdadeiro significado da palavra amigo, de vez em quando é preciso ser realmente amigo, para sair desse mundo pessoal e único, e tolerar as diferenças que há entre esses mundos pessoais.

E o que realmente conta para que se possa ser digno da palavra amigo, e do seu significado, é ter essa capacidade de sair desse mundo interior e aceitar o ponto de vista que o amigo tem, pelo lado interior do seu próprio mundo, porque o que somos por dentro não passa de um profundo arcano daquilo que demonstramos ser por fora.

 

É verdade, que já fomos amigos,

Eramos novos, com muito tempo para crescer,

Aventureiros, cheios de ideias, destemidos,

E a vida, escapando-nos pelos dedos, a correr.

É verdade que nessa altura,

A palavra amigo tinha outro significado,

Uma amizade pode ser forte, mas não dura,

Como não dura o presente, constantemente passado.

Eramos amigos, sem o saber,

Ignorantes do que amizade pudesse significar,

A vida troca-nos as voltas sem a gente querer, `

Amizade é muito mais do que pudéssemos imaginar.

E no interstício das nossas vidas,

Efígie do que fomos entre passado e futuro,

Há um mundo de sentimentos e emoções perdidas,

Há um mundo inamovível, um muro.

Se não tens em conta, o meu mundo interior,

E eu faço o mesmo contigo,

Se o que somos por fora é mais digno ou melhor,

Como lograremos fazer jus à aceção da palavra, amigo.

 

António Magalhães

 

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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