sob a queda os dois
não tiram fotos a medo do
tropeço de água que brada
brada
há milénios: nada passa.
fotografam
o Reno
que ainda resiste à
pura navegação
quem sabe
a neve toque os viajantes clandestinos
sob ainda tão líquida queda de água ribombante
gélida boreal aurora de vento e tocam-lhe na sensibilidade
da máquina; banham-se de vapor e de nuvem
ouvem-na respirar
sussurra tanto quanto brada: não muda a própria catarata com o receio
não mudam ante dela as rochas, seu seio, por lá
se impõe o seu peso e
talvez o sol brilhe mais
um pouco e a luz da neve branca
se derreta na dança helvética
que ilumina Schaffhausen
de clarão e flash.
navegaram o Reno e depararam-se
com o medo.
mil anos depois, serve a sua queda
a cautelosos beijos
da água na cara da cara
desejos, da vida e da morte ante
quedas
d’água
que se
quedam
por quem não passou.