De que está à procura ?

Colunistas

Que futuro queremos para Portugal?

© DR

Festejar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas significa abrir os braços, empaticamente, à diversidade de quem são os/as portugueses/as, as comunidades e a própria língua portuguesa na sua multiplicidade.

A perceção de quem somos, enquanto pessoas, cidadãos/ãs – aqui ou além fronteiras – pode fazer-nos sentir pertença e segurança: somos de um país, de uma comunidade, de uma região e temos uma língua comum. Sobretudo: somos de um grupo no qual podemos participar com todos os direitos e, naturalmente, deveres.

Um dos deveres que devemos ter nesta pertença (e que se transforma num direito pela sua reciprocidade) é o cuidado de não estagnarmos: o Portugal de agora é certamente diferente de há um ano, que igualmente é diferente de há uma década e sucessivamente.  Em alguns sectores a evolução vê-se mais rapidamente, em outras talvez só em futuras gerações se vejam mudanças óbvias, mas de uma coisa podemos estar certos: a renovação cultural, feita através das diferentes gerações, é mais lenta e ainda hoje vemos muitos valores prévios ao início da democracia em 1974.

Continuamos a viver condicionados por preconceitos estruturais sobre etnias, géneros, nacionalidades, orientações sexuais, gestão do bem-estar laboral anacrónica e sobre alçada de um paternalismo vincado que marca a autonomia de cada pessoa e de muitos grupos.

Talvez um passo inicial seja, já que estamos num país que precisa de se abrir mais ao mundo para ver a diferença, o conseguirmos ver a mesma não como algo negativo, mas a integrar para que haja sempre lugar para todos/as.

Pode ser duro, é sempre duro aceitarmos um local de desconforto, mas é nesse local, qual miradouro, que podemos ver a paisagem da inclusão.

Temos muitas coisas a celebrar – passando pelas grandes evoluções sociais conseguidas, pela própria integração da língua portuguesa enquanto elemento vivo e que vai agregando expressões e emoções, em que nos é possível comunicar e evitar o isolamento. Não esquecendo, obviamente, a importância do acolhimento muito característico do nosso país e das comunidades na diáspora que conseguem transportar-nos, como uma vez me disseram em trabalho de campo com emigrantes, ‘ao carinho das nossas avós que nos queriam seguros e felizes em tenra idade’.

De facto, tudo isto leva-me a refletir que temos muito a festejar, mas não esquecendo que este feriado não é só uma mera pausa na semana, é também um espaço-tempo para vermos como podemos – na vida pessoal, laboral, no nosso contexto mais ou menos imediato – marcar a diferença pela positiva.

Para que haja muitos mais 10 de Junho de festejo, temos de ver todos os 365 dias do ano como oportunidade de criar empatia como forma para o bem-estar. Seja nosso, da nossa família, amigos/as, colegas ou, simplesmente, das pessoas que não conhecemos, mas que irão beneficiar de um mundo com mais humanidade e compaixão.

Carlos Barros

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

TÓPICOS

Siga-nos e receba as notícias do BOM DIA