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Quando falhar compensa

© Pixabay

A remodelação do Governo e a lista do PS às eleições legislativas têm um imenso significado político.

A “geringonça” implicou cedências do PS ao PCP e ao BE. Só assim é que um partido que perdeu as eleições poderia governar sozinho, numa fórmula que até 2015 a democracia portuguesa nunca tinha visto. No passado, os primeiros-ministros governaram sem terem alcançado maiorias absolutas, casos de António Guterres e Cavaco Silva. A grande transformação, todavia, resultou dos traços de personalidade de António Costa, para quem as regras clássicas de princípio democráticas não contam nada.

Em tempos, ainda estudante, derrotado em eleições para uma Associação de Estudantes da Universidade de Lisboa, António Costa recusou-se a entregar as chaves e barricou-se nas instalações. O que sucedeu em 2015, foi apenas um “upgrade” na reação de quem encara o poder como um fim em si mesmo e para o manter, ou lá chegar, vale quase tudo. Em condições normais, a circunstância da derrota eleitoral justificaria o passo lógico da aceitação de que quem venceu, governaria. Foi sempre assim. Para António Costa, que imolou António José Seguro em sacrifício, apesar da vitória deste e de Francisco Assis nas eleições europeias, nem pensar.

Seguro, com grande dignidade, deixou a liderança socialista e ao contrário de quem o maltratou, mantém exemplar silêncio. Já Francisco Assis, como prémio pelo desempenho de 2014, não será cabeça de lista em maio de 2019.

Que sentido faz uma remodelação do Governo, a sete meses das legislativas? Ou se constata a falência de partes do Executivo, ou se tem uma perspectiva instrumental da decisão. No caso, são ambas as razões. Quase todas as áreas setoriais que dependem do Estado estão em colapso, esmagadas por cativações que debilitam a saúde, os tribunais, as escolas, os transportes, a segurança. Em simultâneo, a dependência da extrema-esquerda radicalizou o próprio PS, numa competição com o PCP e o BE que integram a maioria propagandeada como estável, enquanto incendeiam as ruas com contestações sociais de dimensão nunca vista. Coerentemente, quem ascendeu ao Governo foram figuras socialistas da nomenclatura mais à Esquerda e restrita, que no discurso não se distinguem de Jerónimo de Sousa e Catarina Martins. Percebe-se que João Galamba, Pedro Nuno Santos, Duarte Cordeiro e Pedro Delgado Alves festejem a conquista em selfies, com pose eufórica. Já para as europeias, o PS escolhe à cabeça Pedro Marques, o ministro que mais fracassou no investimento público e desperdiçou milhões de fundos comunitários, seguido dos mais destacados dirigentes da velha escola de José Sócrates. Diz mesmo tudo.

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