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Psicóloga portuguesa partiu para Timor e tornou-se missionária

Joana Ribeiro, irmã Concepcionista ao Serviço dos Pobres, diz que Deus a chamou em “tétum e tinha a cor do chocolate”, pois foi em Timor, onde esteve em missão seis anos, que se reconheceu religiosa e missionária.

“A Palavra sai dos livros em Timor. Ela passa a estar em rostos, em espaços e a tocar-me de uma forma completamente nova. E isso foi uma experiência não só transformadora, mas de um assombro e de um espanto que me levou para além e alargou o horizonte. Foi mesmo sentir-me a céu aberto e que o sol me atingia de todos os lados. E eu acho que foi a experiência da alegria e da plenitude que eu experimento em Timor que me fez pensar: Isto é quem eu sou. Nem é o que eu ia ser – isto é quem eu sou”, conta à Agência ECCLESIA.

A missão em Timor, aos 30 anos, com os Franciscanos Capuchinhos, deixou para trás a sua profissão como psicóloga e a intenção de partir apenas por um ano, regressando depois a uma vida planeada e controlada, mas que nunca escondeu o quanto a palavra ‘missão’ ecoava na sua vida.

Joana Ribeiro conheceu a primeira missionária em casa – a sua avó, que dos pobres, fazendo da partilha um gesto intrínseco do ser humano.

“A minha avó nunca me disse: ‘oh Joana, olha, nós temos que cuidar dos outros, temos que olhar, nós temos que partilhar aquilo que temos’. Aquilo era natural, não era uma coisa para ser dita, era para ser feita. Com a minha avó, eu tinha um espaço de céu porque ela era uma pessoa realmente boa e era uma bondade que era tão natural, que era quem nós éramos. No funeral da minha avó, as pessoas vinham devolver dinheiro, mas nós não fazíamos ideia das ajudas que ela dava. E todos nós beneficiávamos de uma mulher que vivia voltada para os outros”, recorda.

Com esta vivência, Joana Ribeiro percebe “um dom recebido” que tinha de ser partilhado.

O percurso no grupo Adonai aprofunda a experiência cristã, mas decide não celebrar o sacramento do Crisma porque não se queria comprometer e ser livre; se na juventude começa a descobrir “uma Palavra que me atravessava a vida”, a irmã reconhece que “em Timor, a Palavra sai dos livros, passa a estar em espaços e rostos” e começa a tocá-la de uma forma inaugural.

No final do primeiro ano de missão, a inquietação do regresso leva a irmã Joana Ribeiro a confrontar-se seriamente com a sua vocação, mas só quando verbaliza o que sente é que percebe que já era consagrada.

“Eu nem sequer falava sobre isso. A palavra tem muita força e eu sentia que se dissesse a alguém aquilo tornava-se real e eu não queria que fosse real. E enquanto estivesse ali escondidinha no meu coração, eu ia-me convencendo que não era nada. Mas Deus permaneceu porque está comigo independentemente do que for e eu, mesmo com medo e o não consciente, tinha um desejo de verdade maior e, por isso, permaneci”, recorda.

A irmã Joana Ribeiro celebra os votos perpétuos no dia 17 de novembro, Dia Mundial dos Pobres, e aguarda uma nossa missão no México.

“A pobreza é extremamente criativa. O despojamento abre espaço para que tudo seja para todos e aproxima-me do outro. Nas irmãs concepcionistas eu encontrei isso”, finaliza.

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