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Professores de português na Venezuela pedem mais formação

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A catedrática portuguesa Adelina Moura pediu mais acompanhamento de Lisboa no processo de adaptação, às novas tecnologias, dos professores de português na Venezuela, sublinhando o trabalho que fazem na promoção local do idioma de Camões.

“Estes professores dão um enorme contributo para a expansão (local) do português”, disse.

Adelina Moura falava à Agência Lusa, à margem das V Jornadas para Professores de Língua Portuguesa da Venezuela, subordinadas ao tema “Competências digitais para docentes: estratégias de aprendizagem inovadoras” que terminaram quarta-feira e que pela primeira vez decorreram de forma virtual.

“Esta formação deve continuar, deve investir-se na formação de professores. Não se pode deixar os professores desamparados porque fomos todos apanhados de surpresa. Ainda que aos poucos os professores tenham que ser acompanhados”, disse.

Adelina Moura foi a formadora das jornadas e insistiu que “é preciso um contacto muito próximo com cada um dos professores” da Venezuela “e ver as situações também dos seus alunos”.

“Os organismos que possam prestar esse apoio e proximidade devem fazê-lo e continuar a investir, a proporcionar a formação para o desenvolvimento das competências digitais”, frisou.

A catedrática, que em 2016 esteve na Venezuela a dar formação a professores de português, sublinhou ainda que vivem “uma época para a qual não foram preparados” e que os docentes locais “devem continuar a sua resiliência, não abandonar os alunos” apesar das dificuldades surgidas da pandemia da covid-19.

“Nem todos têm o mesmo contexto, nem o professor nem os alunos. No ensino remoto de emergência, os professores têm que se adaptar, ver se têm conexão à internet e equipamentos aptos para trabalhar e depois, (está) o lado do aluno”, disse, precisando que “em todos os países há desigualdades”.

Quanto à formação, explicou que procurou responder às ansiedades e dúvidas no processo de adaptação às novas tecnologias, incorporar ideias e estratégias que possam ser aplicadas.

“A tecnologia é importante, mas mais importante é a pedagogia e, portanto, incluiu a tecnologia dentro das metodologias de aprendizagem, mas sempre ao serviço dos objetivos educacionais”, disse.

Segundo Adelina Moura, foram criadas “redes de aprendizagem, de solidariedade entre os professores” que “estavam ávidos de entender como é que podiam usar os equipamentos tecnológicos dos alunos, que tipo de tarefas lhes podiam dar, como poderiam fazer a avaliação”, explicou.

A catedrática defendeu ainda a “humanização do ecrã” nas conversas mediadas pelo monitor, congratulando-se pela robustez de muitas plataformas de videoconferência que permitem continuar a trabalhar na educação.

“Estes professores, são efetivamente um grupo muito, muito, interessado, porque sentem que nesta situação de pandemia a escola ainda é o que equilibra mais as desigualdades sociais”, disse.

Quanto ao crescente interesse local pela língua portuguesa, apontou o turismo, a existência de “uma costela” portuguesa entre os luso-descendentes, maioritariamente de origem madeirense, questões económicas, oportunidades de trabalho.

“Aprende-se o português por muitas razões”, enfatizou.

Adelina Moura tem uma licenciatura em Ensino do Português e Francês, DESE em Administração Escolar, mestrado em Supervisão Pedagógica do Ensino do Português e um doutoramento em Ciências da Educação, na especialidade de Tecnologia Educativa.

É investigadora em Mobile Learning, com trabalhos publicados em atas, revistas e capítulos de livros, a nível nacional e internacional.

É professora do ensino básico e secundário e tutora de cursos de formação à distância. Tem lecionado a unidade curricular de Tecnologias Educativas em cursos de Mestrado.

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