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Português procura associações na Alemanha

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A curiosidade levou António Horta, empresário a viver há quase 50 anos na Alemanha, a tentar encontrar a associação portuguesa mais antiga no país através de uma publicação nas redes sociais e diversos telefonemas.

“As associações surgiram da saudade de falar a língua portuguesa, do encontro com amigos, de celebrar as festas portuguesas. Não havia restaurantes, bares, e esse sistema funcionou durante um tempo”, recordou o que considera os “anos de ouro” das associações.

Atualmente, apontou, a vida das associações está cada vez mais difícil, sem renovação geracional e com a pandemia a sufocar as contas.

“Os portugueses da primeira geração já estão velhos, os da segunda começam a ficar cansados, e os da terceira geração, com algumas exceções, já pouco interesse têm”, lamentou António Horta que, durante a pesquisa, encontrou algumas associações criadas nos anos 60 que ainda resistem.

A mais antiga do estado da Renânia do Norte-Vestefália é a Associação Portuguesa de Krefeld, fundada em 1966. Começou com 25 sócios, agora são 95, sempre com a família Teixeira no leme.

“Eu praticamente cresci lá”, contou Fábio Teixeira, de 27 anos.

“Em julho vou ser pai, e gostava que a quarta geração da minha família continuasse a conhecer a casa. Não gostava que a associação acabasse de um dia para o outro”, apontou o atual vice-presidente da associação, que já nasceu na Alemanha.

Fundada pelo avô, atualmente presidida pela mãe, Fábio tenta estar na associação sempre que pode. Antes havia rancho e clube de futebol, agora há apenas bar e restaurante, abertos todos os dias.

“Quase todos os sócios têm o seu trabalho e depois vêm ajudar. A minha mãe, que também trabalha, vai à associação todos os dias. Só falta quando está de férias em Portugal”, contou.

“Durante a pandemia não tivemos ajuda nenhuma. Felizmente o senhorio baixou-nos a renda e também nos reduziram o preço da eletricidade. Foi o que nos conseguiu manter”, assegurou, acrescentando que são maioritariamente os alemães que fazem a casa.

“Se não fossem os alemães, a nossa associação, tal como muitas outras, já teria fechado”, rematou.

Lídia Nabais, que é, desde setembro de 2020, cônsul-geral de Portugal em Dusseldorf (no estado da Renânia do Norte-Vestefália), admite que as associações que têm “maior sucesso” são aquelas que “se abrem aos alemães”, que “não se mantêm só dirigidas a um público essencialmente português”.

“Não é um problema da nossa comunidade, é um problema com o qual se deparam outros cônsules-gerais (…) o esforço que vamos fazer conjuntamente é tentar arranjar formações para uma profissionalização destas associações de modo que possam aceder a subsídios. O estado alemão tem muito dinheiro para associações estrangeiras”, revelou em declarações à Lusa.

De acordo com a diplomata, são conhecidos 39 movimentos associativos nesta região, quatro deles fundados nos anos 60.

“As associações viram-se privadas de fazer as suas atividades normais devido às restrições impostas pela pandemia. Ainda assim, a ideia que eu tenho é que o movimento associativo já vinha definhando ou perdendo força há vários anos”, constatou.

António Horta, associativista, vai continuar as pesquisas. Assume que “os tempos são outros” e que as associações “como antigamente” dificilmente vão voltar.

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