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Portugal importante para cibersegurança europeia

A diretora das Relações Internacionais do Centro Europeu de Excelência para Combate às Ameaças Híbridas, ao qual Portugal se candidatou, considerou que o país será “um bom ativo” naquela estrutura por ter uma “relação única” com a China.

“Penso que Portugal será um bom ativo enquanto Estado marítimo com grandes tradições emergentes e de navegação, por ser um país atlântico, mas também pela história com a China, o que lhe permitirá contribuir [para o centro] por isso ser algo único na Europa”, afirmou Kirsti Narinen em entrevista à agência Lusa na capital finlandesa, em Helsínquia, onde está sediado o centro.

Apesar de ainda faltar uma reunião daquela estrutura em outubro para dar aval à adesão de Portugal, a responsável disse esperar que, à semelhança do que acontece com outros participantes, o país possa “contribuir para o trabalho do centro, para a sensibilização e para a capacidade de defesa dos outros membros”.

Na passada sexta-feira, Portugal formalizou o seu pedido de adesão ao Centro Europeu de Excelência para Combate às Ameaças Híbridas, com a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias, a entregar a carta com a candidatura do país a Kirsti Narinen.

O ‘hub’ está sediado em Helsínquia, cidade na qual estas ameaças híbridas – que surgem em forma de ciberataque, campanhas de desinformação ou de interferência nas infraestruturas dos países – estiveram em análise nas reuniões dos ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) que decorreram na semana passada. O pedido de adesão de Portugal foi feito à margem da ocasião.

Criado em 2017, o centro junta 19 Estados-membros da UE e quatro países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).

Neste centro internacional existem profissionais e especialistas do setor que ajudam os membros a entender e a criar formas de defesa contra estes ataques híbridos.

Estes ataques abrangem ainda a interferência em processos eleitorais, o cibercrime e outras ações hostis que visam destabilizar determinado Estado, tendo em comum o facto de serem difíceis de detetar.

“Nós usamos as especificidades dos nossos Estados-membros [para o trabalho no centro]. Cada um tem as suas características especiais, em termos geopolíticos, geográficos ou culturais”, assinalou Kirsti Narinen na entrevista à Lusa.

Apesar de reconhecer a existência de recentes casos de ataques híbridos na Europa, por exemplo em eleições em França ou na Alemanha, a responsável realçou que “a UE tem feito bastante nos últimos quatro ou cinco anos” no combate a estas ameaças, sendo esta, aliás, uma prioridade para a União.

“Muitas destas ações não são óbvias, o que as torna mais difícil de combater, e é por isso que a cooperação internacional é tão necessária. Se alguém invadir uma fronteira com um tanque, é fácil detetar quem está por detrás disso, mas [isso não acontece] neste tipo de casos”, exemplificou Kirsti Narinen.

Foi exatamente para assegurar que os países-membros estão “preparados para os riscos antes mesmo de eles existirem” que o centro foi criado, acrescentou.

“A fronteira entre a paz e a guerra esbateu-se, havendo agora uma espécie de conflito que não é uma guerra, mas também não é algo pacífico. Os elementos externos de segurança estão confusos, a sociedade civil está confusa, o setor militar e da defesa está confuso. Por isso, quando existe este tipo de confusão numa sociedade, é crucial começar a procurar uma ação coordenada e sincronizada”, adiantou à Lusa a diretora das Relações Internacionais do centro.

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