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Portugal é destaque de feira de rádio em Paris

Portugal e Espanha são os convidados de honra do Salon de la Radio, em Paris. Os dois países têm mostrado que apesar de vizinhos, especificidades como as regiões autónomas e as diferentes línguas em Espanha distinguem a organização da rádio face a Portugal.

Até sábado, Paris acolhe o Salon de la Radio, uma feira dedicada às novidades e estratégias da rádio, onde acorrem anualmente quase 7.000 profissionais do setor e, este ano, Portugal e Espanha são os países em destaque.

“Para Portugal é muito importante ser o convidado especial. Estão aqui as rádios com relevo, sobretudo as francesas, e fala-se de todas as tendências da rádio, de onde vimos e para onde a rádio vai evoluir em termos da programação e comercialmente. Olha-se para o futuro”, disse António Torrado, diretor da emissão da Rádio Latina no Luxemburgo, com um percurso de mais de 20 anos na Antena 3 e na Antena 1, em declarações à agência Lusa.

O primeiro dia desta feira arrancou com um painel sobre as perspetivas da rádio nos dois países e as especificidades históricas e culturais distinguem os dois países. “As rádios regionais em Espanha são não só importantes pela penetração no território, mas porque também temos línguas diferentes. Por exemplo, desenvolvemos a rádio na Catalunha e, neste momento, a maior parte das emissões são em catalão e é um sucesso”, explicou Josep Marti, diretor do Observatori de la Radio na Catalunha.

A rádio em Espanha foi também marcada pela especificidade histórica da sua transição para a democracia. “Com a chegada da democracia deu-se mais relevância à rádio falada e isso foi muito impulsionado pela rádio pública, chegando só depois os operadores privados. Desde há uma década, a rádio falada tem vindo a ser substituída pela rádio musical”, considerou Raul Domingo de Bias, ex-presidente da Asociación Española de Radiodifusión Comercial.

O impacto da transição para democracia também foi assinalado por António Torrado, referindo que o modelo português seguiu sempre o modelo britânico da BBC e que isso só começou a mudar com a introdução de rádios como a TSF que “revolucionaram a rádio falada e Portugal”.

Algo também comum entre os dois países foi o impacto da crise nos meios de comunicação. “A crise teve um impacto. Hoje, o valor que vimos no investimento em publicidade em rádio, é menos do que há 10 anos e a prioridade tem sido continuar o negócio, deixando de lado a inovação na maior parte dos casos”, explicou Vicent Argudo, diretor das rádios musicais e do setor Digital da Prisa Radios.

Segundo Argudo, a Prisa está agora a apostar em outros produtos para manter as suas rádios relevantes na era tecnológica.

“O nosso mercado é pequeno e temos de conquistar novas áreas. Estamos a trabalhar em eventos, podcasts e áudio-livros. Precisamos explorar o mercado e saber como podemos comunicar da melhor forma”, indicou o quadro da Prisa.

Para António Torrado há ainda uma dimensão acrescida à rádio que se faz em português. “Tem de haver uma ideia de uma rádio portuguesa generalista em relação à música portuguesa e à informação, mas é muito importante que todas as rádios da diáspora levem ao portugueses o que se passa em Portugal, mas também o que se passa no países onde vivem. A rádio é um bom meio para que a comunidade se adapte aos países onde vive e é o que fazemos com a Rádio Latina, no Luxemburgo. É uma rádio onde se fala português, mas damos muita importância ao que se passa no Luxemburgo”, afirmou.

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