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Porquê a valorização e o reconhecimento são tão importantes para um profissional?

Voe no tempo, e recorde quando era uma criança com 6 anos de idade a descobrir os seus talentos, a melhorar o seu desempenho numa atividade, ou mesmo empenhado a criar algo para brincar, que no seu ponto de vista, era totalmente novo. Após terminar o seu empreendimento, talvez um desenho, uma engenhoca, um texto, ou uns cookies, correu para mostrar, motivado, a sua obra-prima aos seus pais, ou aos professores, ou aos seus avós. Tenho a certeza que a sua expectativa era que olhassem para a sua obra realizada, a apreciassem, e recebesse elogios e congratulações. Quando isso não ocorreu, como ouvi de clientes a contarem-me suas memórias de infância, sentiu-se frustrado, magoado, desmotivado, o que tinha feito sem valor algum.

Crescemos, e embora possamos de uma forma madura avaliar melhor o nosso trabalho, sem imediatamente correr para ir mostrar as nossas grande obras logo que estejam prontas, como uma excelente ideia, uma criação impactante, um esforço extra num projecto, a resolução de um problema bicudo com o cliente, ou mesmo a diligência diária com a função, continuamos a ter expectativa que o nosso empenho seja visto, valorizado e reconhecido.

Quando numa empresa as conquistas não são reconhecidas, os créditos são roubados, o empenho não é valorizado, e os colaboradores não são “vistos”, estes sentem exatamente o que sentíamos na infância, frustração, raiva, mágoa, desmotivação, desvalorização e prostração. É aquele pensamento que muitas pessoas reportam o ter, e o tiveram: quer eu faça mais ou faça menos, o resultado será igual – não me vêm, não olham para o que eu fiz, sou mais um numa cadeia de produção. De frustração em frustração, o funcionário enche o papo, e não podendo digerir mais as suas emoções, inicia um processo de desligamento da empresa, da função, da execução, e coloca em causa, até, o gosto pelo que faz. Muitos são os clientes que me chegaram, licenciados, doutorados em áreas de engenharia, finanças, gestão, enfermagem, que a constante falta de valorização, reconhecimento, juntamente com a pressão, o stress, os levaram a acreditar ter perdido o amor, pelo que um dia foram áreas de eleição profissional para eles. Cirurgicamente trabalho com eles, para separarem a profissão de que gostam e possuem talento, da forma de serem valorizados e reconhecidos pelo que fazem, das emoções que os assolam.

E porquê a valorização e o reconhecimento são tão importantes para um profissional? A maioria de nós percepciona que a avaliação sobre o trabalho realizado é a avaliação de quem o executa. Logo, a desvalorização do trabalho é a desvalorização do próprio trabalhador. Embora a avaliação do trabalho realizado e da pessoa sejam dois componentes que podem ser separados – por exemplo, o funcionário pode ter uma personalidade difícil de convívio (não valorizo seus comportamentos), mas ser um excelente profissional financeiro (valorizo seus resultados), as pessoas tendem a sentir o seu “valor” atrelado à como elas são apreciadas, reconhecidas, o seu significado aos olhos dos outros. Por isso, a forma como a empresa ou instituição vê a função do colaborador, como valoriza o que ele faz na empresa, o reconhecimento da importância dele na empresa, como é a dinâmica emocional que as interações diárias com esse trabalhador demandam, a apreciação dos seus empreendimentos, ou da lealdade, ou do zelo para com o trabalho, vão determinar o nível de motivação e desmotivação, compromisso ou descaso, permanência ou afastamento do colaborador.

Mas, como os colaboradores sentem-se reconhecidos? Uma das práticas comuns é a recompensação financeira. Certamente que se vivo de um salário, com gestão malabarista mensal, um valor extra irá ser muito bem-vindo. Mas, reduzir as interacções diárias a esse factor, é uma visão demasiado simplista sobre como uma pessoa sente-se reconhecida e valorizada no trabalho.

Num estudo conduzido Dutton, J., G. Debebe e A, Wrzesniewski, sobre ser valorizado e desvalorizado no trabalho, com faxineiros de um hospital, eles concluíram que o senso de valor do faxineiro era mais afetado por pequenos comportamentos diários, do que a remuneração em si. Alguns aspectos salientados foram, o não reconhecimento do impacto que o seu trabalho de limpeza tinha na vida do paciente, os médicos não cumprimentá-los, não respondê-los, ignorá-los ativamente, não concedendo espaço aos faxineiros para executarem as suas tarefas, e não desviarem do caminho, quando os faxineiros transitavam com seus carros de limpeza. Em suma, os faxineiros estariam mais felizes, se fossem “vistos”, reconhecidos como trabalhadores importantes para o bom funcionamento do hospital e determinantes para a vida do paciente, terem uma interacção positiva com todos os funcionários do hospital, e estar presente o sentimento de conexão e de pertença com os colegas, superiores, e com o hospital.

Pagar um salário que possibilite o funcionário viver, é fundamental. Deixar que o colaborador saiba que é valorizado e apreciado, é mágico. Um trabalhador preocupado com o seu desempenho, que sabe que o líder está ciente de seus esforços, se dedicará para fazer melhor. O reconhecimento regular de um trabalho bem feito, permite que a tensão e o receio se dissipem, e tome lugar o engajamento, aumentando a produtividade, a criatividade, e a eficiência de maneira geral. O líder que apoia o seu trabalhador a tornar-se numa pessoa melhor, pela realização pessoal, e diz-lhe, pessoalmente, “Vejo o quanto evoluiu, quem era, quem você é, e estou feliz com quem você está se tornando”, torna-se uma inspiração.

Karina M. Kimmig

Karina M. Kimmig foi galardoada Top Coach na Alemanha, autora do livro “Metodologia Humanística: Os Sete Poderes que Todos Nós Possuímos”, General manager MORE Institute GmbH, Presidente de associações internacionais, cocriadora da MORE Humanistic Methodology, autora, blogger, e referência internacional em desenvolvimento humano. Mais: https://more-institute.com/

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