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Para quando a criação da V.A.C.A.?

Há muitos católicos que se sentem entediados e tristes. Não é fácil ter o mesmo parceiro sexual durante toda a vida. A natureza do homem e da mulher e dos mais de setenta géneros, à semelhança dos demais animais, impele a novas experiências, à poligamia e à satisfação do desejo carnal. Ora se o cônjuge souber, concordar e até aderir a essa fuga à monotonia monogámica, qual é o inconveniente? Entre adultos, havendo mútuo consentimento, porventura está a prejudicar-se alguém? É um gesto de amor ao companheiro ou companheira. Afinal, proporciona-lhe a liberdade que precisa para se sentir mais activo e alegre. Simultaneamente, a relação conjugal pode até melhorar porque, assim, a felicidade é mútua. Não terá o indivíduo o direito a seguir e fazer o que pretende, no real exercício da sua autodeterminação. Mais ainda, se for por amor, como nos ensinou Jesus?

Porque não deixais vós, católicos, estes adúlteros-por-amor, em paz, revelando tanta falta de tolerância? Vós que devíeis ser pelo amor ao próximo! Porque não podem eles manter-se católicos, optando pelo adultério consentido? Os católicos tornaram-se intolerantes, soberbos na conduta, extremistas e fanáticos, negando a liberdade individual de cada um. Qualquer pessoa tem o direito a ser católico-adúltero e rodear-se de outros, que consigo partilham essa modalidade de relacionamento conjugal.

Tem-se assistido à intensa actividade pública de movimentos sociais, apoiados por partidos políticos e lobbies fortíssimos e bem financiados, que, fazendo esvoaçar as bandeiras da tolerância e do amor, passaram a controlar com a sua propaganda parte considerável do espaço comunicacional, dos meios de comunicação social, das redes sociais, da publicidade e até de membros do Governo, contando com a aceitação generalizada das suas mensagens, carregadas de “boas intenções”.

O mais recente episódio foi a publicação (entretanto apagada, mas registada) de João Costa, Secretário de Estado da Educação, no seu perfil de Facebook, na qual procura desqualificar o Padre Gonçalo Portocarrero de Almada, sugerindo não se tratar de “um padre a sério”, comentando o artigo “A ideologia de género não é ciência, é ideologia”, no qual o Padre anuncia que a Congregação para a Educação Católica publicou «a instrução “Homem e mulher os criou”, que recorda a incompatibilidade entre a ideologia de género e a antropologia cristã». Citou a Doutrina da Igreja Católica, explicando-a.

João Costa, socialista e católico, que já antes recusou a existência da Ideologia de Género, num artigo que assinou na qualidade de Secretário de Estado, parece repudiar publicamente esta nova contribuição para a Doutrina Católica, que contraria a sua agenda política, marcadamente ideológica. Quem sabe, este se considerará mais habilitado a definir qual deverá ser a Doutrina Católica, a seu gosto, como leigo católico, doutrinador socialista ou como representante do Estado?

Se assim for, também eu própria, leiga católica, política, democrata-cristã, considero que também me assiste o direito de propor a constituição da V.A.C.A – Venerável Associação dos Católicos Adúlteros.

Faz sentido? Nenhum. Por motivos vários:

  1. A Doutrina da Igreja Católica não é mais do que a proposta de valores e condutas, inspirados nas Sagradas Escrituras;
  2. O Católico segue a Doutrina, se assim o entender, acreditando ser o caminho para a Salvação, mas livre para correr o risco de escolher outros caminhos.
  3. O Católico, por definição, implica, entre outros, crer nos Dogmas de Fé e nos Sacramentos, obedecer ao Catecismo e à Doutrina da Igreja Católica. Hoje em dia, muitos dos que se dizem católicos negam e rejeitam essa Doutrina. Ou seja, não são verdadeiramente católicos!
  4. Todo o que pretenda seguir uma religião, na condição de que aceite comportamentos e ideologias próprias suas, terá de procurar uma religião que se enquadre no que acredita ou simplesmente criar uma outra.

O Código da Estrada determina a paragem no semáforo vermelho. Quem respeitar esta regra sabe que será vítima de um acidente com menor probabilidade do que quem a ignorar. Provavelmente, muitos não respeitam o sinal vermelho, mas nunca se viu políticos ou grupos sociais em manifestações insurgindo-se contra os semáforos ou a propor a sua eliminação do Código da Estrada. Cada um segue ou não, por sua conta e risco, conhecendo as possíveis consequências. O mesmo é válido para a Doutrina da Igreja Católica, no que respeita à Salvação.

Importa agora questionar: faz sentido a criação da Venerável Associação dos Católicos Adúlteros ou qualquer outro movimento que proponha um princípio ou conduta que fujam dessa Doutrina?

Senhor Secretário de Estado da Educação, compreende-se o nervosismo de V.ª Ex.ª, por constatar que a estratégia de imposição furtiva da ideologia de género e sexualização precoce das crianças nas escolas portuguesas está a falhar e a ser desmascarada pelos próprios pais das crianças.

Preocupe-se com a governação e com as políticas de ensino que permitam aos alunos aprenderem as matérias das ciências, da tecnologia, das letras, das artes e das humanidades para que possam aspirar a uma profissão e a uma vida adulta virtuosa e responsável. Deixe a Doutrina Católica para a Santa Madre Igreja.

Joana Bento Rodrigues

Médica

A autora não reconhece o AO 1990

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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