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Orgulhosamente sós

Há 50 anos era criada a primeira associação no quadro da imigração portuguesa no Luxemburgo. De seu nome Amitiés Portugal Luxembourg, APL para os amigos, esta associação surge da emergente necessidade de apoiar os nossos compatriotas na sua integração no Grão-Ducado. A história da APL é indelevelmente ligada à história da migração portuguesa no Luxemburgo. A sua rede de núcleos e a sua actividade são bem testemunhos desta presença. De tudo o que se possa dizer a APL, e por certo haverá, o que nunca se poderá fazer é acusar a organização de não ter cumprido o papel a que se propôs.

Durante estes 50 anos milhentas outras associações ligadas à comunidade portuguesa apareceram e desapareceram. A APL foi sempre, estoicamente, resistindo. Implicando-se na integração dos menos afluentes, na construção de mecanismos de informação e, mais recentemente, de formação, mas, de uma importância não negligenciável, em mostrar aos Luxemburgueses que Portugal é mais do que ranchos e sardinhadas.

Mas não me cabe a mim defender os méritos ou desméritos da APL. Seguramente que a sua direcção fará bem melhor esse papel. Cabe-me a mim denunciar aqueles que agora se outorgam tão defensores do património histórico da diáspora portuguesa por terras do Grão-Ducado. De notar, no entanto que, enquanto uns, quando se apresentam, se focam no seu percurso pessoal, desfiando o rol das glórias passadas, outros focam-se no colectivo e viram-se para a frente.

Acusa-se agora a APL de trocar o “Portugal” por “Plurielle”. É sabido, no seio da comunidade portuguesa, que o comunitarismo traz dificuldades na obtenção de apoios. Podemos estar de acordo ou não que seja errado por parte das autoridades ter esta posição, mas isso em nada, por si, altera, ou ajuda a alterar, a realidade. Outra coisa que não ajuda a alterar a realidade é a dualidade de postura que alguns assumem face ao Luxemburgo. Uma postura bipolar que varia entre a subserviência, quando em presença de elementos do aparelho luxemburguês, e a acusação de racismo e xenofobia. Uma agilidade digna de ser apresentada no Cirque du Soleil num tipo de número que se colocaria o artista algures entre um contorcionista e um arlequim.

Dando consta dessa dificuldade em obter apoio das instituições luxemburguesas, um conjunto de associações (CCPL, FACVL, APL, FAEL e Maison d’Afrique) criaram, e bem, a Maison das Associations. Enquanto uns clamam que a experiência adquirida pelo trabalho de integração realizado em torno da maior comunidade estrangeira e da mais valia que isso poderia ser, a APL optou por colocar essa experiência à disposição dos estrangeiros no Luxemburgo em geral. Abriu o leque de acção e assim poder fazer mais e melhor.

Relembrar que entre os circenses acima invocados, houve quem propusesse que a Confederação da Comunidade Portuguesa no Luxemburgo, trocasse o Portuguesa por Lusófona. Confederação essa que morreu de morte matada sem que ninguém se indignasse ou se insurgisse. E porquê? Por incapacidade de largar o poleiro e ver um pouco mais além. Por incapacidade de se fundir e criar sinergias com a comunidade envolvente. Tal qual guardiões do salazarento mote “orgulhosamente sós”.

 

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